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PSDB reavalia apoio a Cunha e estuda 'saída honrosa' para o presidente da Câmara

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) durante comemorações do Dia do Trabalho em São Paulo ao lado de Eduardo Cunha - Mario Ângelo - 1º.mai.2015/Sigmapress/Estadão Conteúdo
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) durante comemorações do Dia do Trabalho em São Paulo ao lado de Eduardo Cunha Imagem: Mario Ângelo - 1º.mai.2015/Sigmapress/Estadão Conteúdo

De Brasília

06/10/2015 18h17

O PSDB informou nesta terça-feira (6) ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que vai pedir sua renúncia do cargo caso surjam documentos que comprovem que ele possui contas na Suíça. A avaliação entre os tucanos é que a situação está ficando "insustentável" e já se cogita buscar uma "saída honrosa" para o peemedebista.

A bancada do partido se reúne na tarde desta terça (6) para discutir o assunto. Vários parlamentares da legenda já se manifestaram publicamente em defesa do afastamento de Cunha. O deputado Valdir Rossoni, do Paraná, por exemplo, divulgou nas redes sociais as fotos de Dilma e Cunha com uma pergunta: "Quem faz mais mal ao Brasil?". "Se o MP confirmar (as contas de Cunha na Suíça) a situação de Cunha ficaria insustentável", diz o deputado Vanderlei Macris (SP).

Na semana passada, o Ministério Público suíço comunicou à Procuradoria-Geral da República no Brasil a transferência de autos de uma investigação criminal aberta no país europeu que identificou ao menos quatro contas atribuídas a Cunha e parentes. Pelo menos US$ 5 milhões teriam sido bloqueados. De acordo com os procuradores da Suíça, ele foi informado sobre o bloqueio das contas - antes, Cunha negara que tivesse sido avisado pelo país europeu.

O presidente da Câmara já foi denunciado no Supremo Tribunal Federal por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de receber propina de US$ 5 milhões em contratos de navios-sonda da Petrobras. Cunha nega envolvimento com os crimes investigados pela Operação Lava Jato e sustenta que não possui contas na Suíça, a exemplo do que fez em depoimento na CPI da Petrobras, em março.

Apoio

Até agora, o PSDB vinha mantendo uma posição de apoio ao presidente da Câmara, apesar da acusação formal e das suspeitas que pesam contra ele. Os tucanos reconhecem que o peemedebista e sua postura hostil ao Palácio do Planalto foi fundamental para o cerco ao governo no Congresso. Cabe a Cunha a análise de pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Porém, o avanço das investigações da Lava Jato causa constrangimento ao principal partido oposicionista. Na segunda-feira (5), o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), afirmou que Cunha "tinha o benefício da dúvida". No mesmo dia, reportagem da revista Piauí revelou trechos inéditos de um livro de Fernando Henrique Cardoso - Diários da Presidência, que será lançado no fim deste mês pela Companhia das Letras - no qual o ex-presidente revela que, em 1996, recusou um pedido para que Cunha fosse nomeado diretor comercial da Petrobrás porque conhecia suas "trapalhadas" na presidência da Telerj, durante o governo Fernando Collor.

Nesta terça, 6, o próprio Sampaio esteve no gabinete do presidente da Câmara e comunicou que o partido vai desembarcar da defesa dele se aparecerem extratos ou comprovantes de contas mantidas secretamente no exterior. Se ficar provado que Cunha mentiu perante seus pares, ele poderá ser processado por falta de decoro parlamentar.

A intenção da legenda tucana, nesse caso, é defender uma "saída honrosa" para o peemedebista: a renúncia e a manutenção do mandato para que ele possa se defender sem perder o foro privilegiado.

Por enquanto, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), trata o caso como um assunto da Câmara. Aécio admite que o peemedebista foi importante para "alianças estratégicas" e, segundo ele, "feitas à luz do dia" com a oposição. Mas reconhece a gravidade das acusações e suspeitas envolvendo Cunha.

"O Eduardo tem de responder à Justiça. As denúncias, se comprovadas, óbvio que a situação dele fica muito difícil. Mas isso é uma decisão que a Câmara terá de tomar. As denúncias são graves, vamos aguardar sua defesa. Mas, se comprovado, por exemplo, que ele mentiu à CPI, aí a sua situação fica muito difícil", disse o senador mineiro ao jornal "O Estado de S.Paulo".