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Berzoini afirma que "incidente" não vai parar o país

Em Brasília

28/11/2015 08h44

Dois dias depois da prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS), o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, afirmou que o Palácio do Planalto não vai deixar um "incidente" de percurso prejudicar as votações no Congresso. Apesar da crise política provocada com a prisão do líder do governo no Senado, que tornou inviável a aprovação da proposta de mudança na meta fiscal nesta semana, o ministro disse na sexta-feira (27) estar confiante na retomada das votações.

"A quem interessa parar o país?", questionou Berzoini, que é responsável pela articulação política do governo com o Congresso. "Só se for quem aposta no quanto pior, melhor". Ao Estado, o ministro disse que, se o projeto de lei que altera a meta fiscal de 2015 não for aprovado, não haverá como bancar a execução orçamentária. "Temos um desafio importante a cumprir", insistiu.

Por causa da crise, a presidente Dilma Rousseff cancelou a viagem que faria, na próxima semana, ao Vietnã e Japão. O Planalto alega, porém, que o cancelamento da viagem não pode ser debitado na conta da política, mas, sim da economia. O motivo é que o governo vai baixar na segunda-feira (30) um decreto, bloqueando pouco mais de R$ 10 bilhões, para não dar margem a novos questionamentos do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.

"Nada a ver"

Mesmo com todas as dificuldades, Berzoini não vê um cenário tão sombrio pela frente e procurou demonstrar otimismo. "O caso Delcídio será tratado onde deve ser tratado. Ele vai prestar contas para quem de direito", amenizou ele.

"Se um líder do governo falou coisas impróprias, o que isso tem a ver com o governo? Nada. Ele vai ter de se explicar. Não vemos qualquer razão para que não possamos trabalhar normalmente na semana que vem, por causa deste incidente."

O governo ainda não decidiu quem será o substituto de Delcídio na liderança do Senado e Berzoini vai ouvir os líderes de todos os partidos da base aliada, na segunda-feira, antes de Dilma bater o martelo sobre a indicação.

O ministro disse não acreditar que o processo de impeachment, sempre tratado por ele como "aventura golpista", avance na Câmara, apesar das novas ameaças feitas pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Defensor do "diálogo permanente" com Cunha, Berzoini acha que os três integrantes do PT no Conselho de Ética devem votar "de acordo suas consciências". As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".