Presidente do Peru pede a embaixador informações sobre citação na Lava Jato
Conforme funcionários da missão diplomática brasileira disseram ao jornal O Estado de S. Paulo, Humala mostrou, em meia hora na sede presidencial, seu descontentamento e pediu acesso aos documentos em que era citado.
Nesta terça-feira, 23, o Itamaraty trabalhava com o Ministério da Justiça para atender à solicitação do líder peruano, que ocupou a manchete dos principais jornais do país a dois meses da eleição que definirá seu sucessor. Um segundo turno pode ocorrer em julho e ele não pode concorrer.
Na embaixada brasileira, o tom da conversa não foi interpretado como de ameaça ou cobrança, mas nota publicada pela secretaria de imprensa peruana usou o termo "convocação" para o chamado ao embaixador, o que no meio diplomático representa descontentamento.
Planilha apreendida por investigadores durante a 23ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Acarajé, na qual foi preso o jornalista e marqueteiro João Santana, menciona o "Projeto OH", possível referência ao presidente peruano, ao lado da cifra de R$ 4,8 milhões.
Não há detalhes sobre a finalidade do dinheiro. "A se confirmar esta hipótese investigativa, o então dirigente máximo do Peru teria sido beneficiado pelo Grupo Odebrecht e isto, de alguma forma, estaria atrelado aos investimentos feitos pelo governo federal naquele país", diz relatório assinado pelo delegado Filipe Pace.
A empresa é a principal construtora estrangeira do país. A ligação entre Humala e Odebrecht foi mencionada por meios locais em eleições anteriores, sem comprovação de ilegalidade. O papéis indicam inúmeros encontros entre o presidente da empresa e do país.
Entre as diversas obras da empresa no Peru estão a hidrelétrica de Chaglla, estradas e irrigação. De 1998 e 2014, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emprestou cerca de R$ 1 bilhão para obras concretizadas pela Odebrecht.
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