Oposição decide que delação de Delcídio será alvo de outro pedido de impeachment
Após reunião na manhã desta terça-feira (22), líderes da oposição na Câmara confirmaram que não pedirão a inclusão da delação do ex-líder do governo no Senado Delcídio Amaral (sem partido-MS) ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff em tramitação na Casa.
Segundo os opositores, o objetivo é evitar que o governistas judicializem e "arrastem" a tramitação do processo.
O objetivo da oposição é apresentar um novo pedido de impeachment com base na delação premiada de Delcídio, no qual o senador diz que Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atuaram junto ao Judiciário para tentar barrar as investigações da Operação Lava Jato.
Segundo o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), esse pedido não será apresentado agora, para não desviar o foco do atual processo.
"Não há necessidade de aditar. O governo quer judicializar para arrastar o processo", afirmou o líder do PSDB, deputado Antônio Imbassahy (BA).
Mais tarde, com quórum cheio, o presidente da comissão especial do impeachment, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), acolheu os pedidos e retirou do processo o conteúdo da delação de Delcídio. Imediatamente, o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) anunciou que vai recorrer da decisão à presidência da Câmara.
Em uma longa resposta, Rosso disse que eventuais documentos juntados após despacho de admissibilidade poderiam, em tese, extrapolar a competência da comissão e não deveriam ser objeto de deliberação por seus membros.
"Decido que esta comissão não considere o documento juntado no dia 17 de março como objeto de análise porque aqui não é a instância competente para produção de prova, e sim o Senado Federal", declarou.
O deputado lembrou que o papel da Câmara é votar a abertura do processo de afastamento, cabendo ao Senado a produção de provas e julgar as denúncias contra a mandatária.
Assim, o processo se concentrará apenas aos termos iniciais do pedido de impeachment e focará na análise das chamadas pedaladas fiscais. "Não deve constar no relatório menção a este ou qualquer outro documento encaminhado", enfatizou.
Rosso, no entanto, disse que o conteúdo da delação premiada era de conhecimento público e que não poderia impedir que os membros da comissão fossem influenciados pelos documentos.
Nessa segunda-feira (21), o deputado federal Laerte Bessa (PR-DF) protocolou pedido de impeachment de Dilma, acusando-a de ter cometido dois crimes de responsabilidade ao nomear o procurador de Justiça da Bahia Wellington Lima e Silva para o Ministério da Justiça e Lula para o comando da Casa Civil.
Além dos líderes do PSDB, DEM e PPS, participaram da reunião da oposição desta terça-feira na Câmara deputados e líderes do Solidariedade, PSC e PSB. Este último partido se diz "independente" na Casa, mas já declarou que deverá votar a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
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