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Lula diz que ajuste fiscal jogou "balde de água gelada" na base social do PT após 2014

Lula deu entrevista a veículos estrangeiros nesta segunda-feira - Paulo Whitaker/Reuters
Lula deu entrevista a veículos estrangeiros nesta segunda-feira Imagem: Paulo Whitaker/Reuters

Em São Paulo

28/03/2016 17h52

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o ajuste fiscal promovido pela presidente Dilma Rousseff no início de seu segundo mandato jogou um "balde de água gelada" na base social do PT e fez com que o governo perdesse 80% da sua base eleitoral. Ele evitou personalizar o erro na figura de Dilma, ao longo da entrevista coletiva que cedeu nesta segunda-feira (28), a veículos da imprensa internacional, mas disse estar convicto de que a sucessora vai passar uma mensagem de "esperança" para a economia.

"Nós descemos do palanque e fomos tratar de fazer um ajuste que dizíamos que não íamos fazer", disse ao explicar que o ajuste tocou em questões "caras" ao movimento sindical, como direitos trabalhistas e previdenciários. "Quando fizemos o ajuste, jogamos um balde de água gelada na nossa base, a começar pelo movimento sindical, movimentos de moradia. Essas pessoas ficaram profundamente irritadas. De outubro (de 2014) a março (de 2015), jogamos fora quase 80% das pessoas que tinham votado na gente. A insatisfação não é apenas daqueles que carregam o Pixuleco, a insatisfação está dentro da fábrica, nos catadores de papel aqui em São Paulo, nos estudantes."

O que quero é que as pessoas sejam corretamente investigadas, processadas e julgadas, é tudo que eu quero. Não quero nada de exceção

Lula voltou a defender que solução para o Brasil é reaquecer o crédito e estimular o consumo dos mais pobres - para ele, a camada da população que pode salvar a economia do País. O ex-presidente disse também que Dilma deve apostar nos programas sociais, como Minha Casa, Minha Vida, Fies, Pronatec e Prouni. "Tem que vender para as pessoas que esse País não vai deixar de garantir que sua juventude tenha o futuro garantido", afirmou.

O petista disse ainda que a corrupção afeta qualquer partido em qualquer lugar do mundo, dando a entender que esse não é o problema central a afetar a imagem do PT, na sua avaliação. Lula argumentou que o governo é muito grande para um mandatário ou ex-mandatário, no seu caso, ter conhecimento de tudo que acontece. "O que quero é que as pessoas sejam corretamente investigadas, processadas e julgadas, é tudo que eu quero. Não quero nada de exceção." Lula repetiu ainda que, desde sua gestão, há maior independência para as investigações da Polícia Federal e destacou que o PT sempre foi contra o financiamento empresarial de campanhas.

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