Facções políticas disputam escolas no PR
Mas uma assembleia realizada no Colégio Estadual do Paraná (CEP), na noite de sexta-feira (28), decidiu pela "desocupação da instituição". Membros da diretoria fizeram um pronunciamento à imprensa próximo da meia-noite e mostraram a insatisfação com o acordo feito durante a tarde.
O clima de radicalização política entre grupos favoráveis à ocupação de escolas por estudantes secundaristas do Paraná e militantes do Movimento Brasil Livre (MBL), contrário à tomada dos colégios, se agravou durante a semana passada em Curitiba. Os dois lados passaram a disputar espaço "no braço".
Para o professor Hermes Silva Leão, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), o acirramento das tensões políticas na área da Educação "é um reflexo do processo político polarizado que vivemos no País". Segundo o sindicalista, "no Paraná isso está se agravando diante da tentativa de setores do governo de dar voz a grupos como o Desocupa Paraná, que quer criminalizar o movimento dos secundaristas".
Para o MBL, que organiza o "Desocupa", a conversa é outra. Nas mobilizações via Facebook e nas manifestações diante das escolas tomadas, integrantes gritam que o APP-Sindicato estaria "usando alunos como massa de manobra" para a sustentação da greve de professores, que começou no último dia 17 no Estado.
Nos cercos aos colégios, o ex-candidato a vereador pelo PSC Eder Borges, que obteve cerca de 4 mil votos, mas não se elegeu no último pleito, acusou os sindicalistas de promoverem as ocupações como apoio à greve. Os professores reivindicam reposição salarial e a retirada pelo governo do desconto e falta pelo dia 29 de abril, quando promoveram um protesto para marcar a data do confronto com a Polícia Militar que deixou dezenas de feridos, em 2015.
Nesta semana, o Desocupa Paraná mirou principalmente as escolas mais centrais da capital. Com pais contrários às ocupações convocados via rede social, o movimento percorreu os colégios com manifestantes gritando palavras de ordem contra o APP-Sindicato e acusando os estudantes de "baderneiros" e "comunistas". Eles ainda defendem a volta imediata às aulas.
No meio do tiroteio verbal, pressão de ameaças entre os movimentos de ocupação e do MBL pela desocupação, a dona de casa Lucia Sakachaki, moradora de Bairro Novo, na zona sul de Curitiba, criticava os estudantes secundaristas. "Os alunos estão perdendo aula. Sou a favor de melhorar o ensino, mas sou contra a ocupação
O filho dela estuda em outro colégio do bairro, o Benedicto João Cordeiro, que também está fechado. "As crianças estão sendo prejudicadas. Isso tem de acabar", emendou Sirlene Souza, que tem filho matriculado em outro colégio da região, o Flávio Ferreira da Cruz, também sem aulas desde o dia 10.
Vizinho da Escola Guido Arzua, o motorista Mauro Rodrigues foi um dos pais que chegaram a entrar no colégio, encurralando os adolescentes apavorados no interior do prédio. "Minha filha tem 12 anos e está perdendo aulas", declarou. "Lá dentro estão os 'nota baixa' e em casa, os 'nota alta'", disse na quarta pela manhã, diante da escola. "Isso aí está uma baderna", emendou, observado por mascarados, adultos chamados pelos estudantes para a guarda do lado de dentro. São jovens universitários que se dizem voluntários para evitar tentativas de desocupação forçada.
A tensão foi parar na Assembleia. Após a morte do estudante Lucas Mota, de 16 anos, assassinado por um colega, de 17, na tarde de segunda, na Escola Santa Felicidade, que estava ocupada, o delegado Fabio Amaro dissera que o crime nada tinha a ver com as ocupações, que havia sido uma briga após o uso de drogas, mas os deputados governistas aproveitaram o dia seguinte para debater a crise. A convite do deputado Hussein Bakri (PSD), presidente da Comissão de Educação, um militante do MBL foi à tribuna. "A culpa da morte é das pessoas que organizam e dos apoiadores dessa ridícula ocupação", afirmou o estudante, identificado como Patrick, do Desocupa Paraná. No meio da sessão, deputados faziam vaquinha para arrecadar os cerca de R$ 4 mil necessários para o funeral de Lucas.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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