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Renan e Maia teriam atuado por empreiteira, segundo delação de executivo

Renan foi mantido na presidência do Senado apesar de ser réu por desvio de dinheiro público - Evaristo Sa/AFP
Renan foi mantido na presidência do Senado apesar de ser réu por desvio de dinheiro público Imagem: Evaristo Sa/AFP

10/12/2016 10h48

A delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho relata a atuação dos presidentes das duas Casas do Congresso em favor da empreiteira. O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), respectivamente, presidente da Câmara e do Senado, são citados na proposta de delação enviada à Procuradoria.

Maia aparece atrelado a pagamentos indevidos por atuação em favor da empresa na aprovação de uma medida provisória. Já Calheiros seria um dos interlocutores da empresa no Senado e teria recebido para legislar a favor da Odebrecht. As citações estão no anexo entregue por Melo Filho no âmbito das tratativas do acordo de delação.

Apelidado de "Justiça" no chamado departamento de propina da Odebrecht, Calheiros é dono de um capítulo específico na delação de Melo Filho. O ex-executivo narra ter conhecido o peemedebista em maio de 2005, quando foi solicitar uma reunião com o presidente de Angola em uma audiência.

Além de relatar pagamentos diretos ao senador, o executivo conta como os negócios com o senador eram intermediados por Romero Jucá (PMDB-RR), que centralizava as tratativas entre alguns senadores do PMDB e a empresa.

Melo Filho diz que, em 2010, houve uma primeira contribuição financeira para Calheiros efetuadas, segundo uma planilha entregue pela empresa, em duas parcelas de R$ 250 mil em agosto e setembro daquele ano.

Em outra ocasião, no ano de 2014, conta o ex-executivo, em uma reunião entre ele e Calheiros, em um determinado momento, o senador disse que seu filho seria candidato ao governo de Alagoas e "pediu que verificasse se a empresa poderia contribuir".

Para o delator, o pedido deu-se em momento de edição de uma MP de interesse da Odebrecht e "esses pagamentos, caso não fossem realizados, poderiam vir a prejudicar a empresa de alguma forma."

Após relatar o receio em não efetuar os pagamentos, o executivo elenca os repasses da Braskem de R$ 320 mil e de R$ 1 2 milhão da Odebrecht para a campanha de Renan Filho (PMDB). Segundo eles, os pagamentos estariam atrelados à atuação do senador na aprovação das medidas provisórias.

"Participei da realização de pagamentos de campanha ao grupo político do Senador Renan Calheiros que giram em torno de R$ 22 milhões de reais."

Rodrigo Maia (DEM-RJ) teria recebido dinheiro da Odebrecht sob o codinome de Botafogo - Evaristo Sá/AFP - Evaristo Sá/AFP
Rodrigo Maia (DEM-RJ) teria recebido dinheiro da Odebrecht sob o codinome de Botafogo
Imagem: Evaristo Sá/AFP

Botafogo

Segundo Melo Filho, em relação a Maia, apelidado de "Botafogo", foi acordado o pagamento de R$ 7 milhões para diversos políticos para facilitar a tramitação de uma MP de interesse da Odebrecht. Segundo o ex-executivo, na fase final da aprovação da MP, Maia o procurou para pedir apoio no pagamento de pendências da campanha para a prefeitura do Rio, em 2012.

"Solicitou-me uma contribuição e decidi contribuir com o valor aproximado de R$ 100 mil, que foi pago no início do mês de outubro de 2013. Referido parlamentar era visto por mim como ponto de interlocução dentro da Câmara dos Deputados na defesa dos interesses da empresa." 

Renan e Maia negam doações ilegais

A assessoria do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que o senador jamais credenciou, autorizou ou consentiu que terceiros falassem em seu nome".
 
"Reitera ainda que a chance de se encontrar irregularidades em suas contas pessoais ou eleitorais é zero."
 
Em nota, a assessoria do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirma que todas as doações eleitorais recebidas foram legais e devidamente declaradas ao TSE.