Jucá coleta 29 assinaturas para PEC que pode blindar comando no Congresso
O líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (PMDB-RR), apresentou nesta quarta-feira a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pode blindar os membros da linha sucessória da presidência da República. Jucá reuniu 29 assinaturas para protocolar a matéria no plenário - duas a mais do que as 27 necessárias.
O peemedebista negou que haja intenção de proteger alvos da Operação Lava Jato com a proposta. A Constituição já determina que o presidente da República não pode ser investigado por atos anteriores ao mandato. Na PEC, Jucá amplia essa prerrogativa para todos os ocupantes da linha sucessória.
O projeto beneficiaria diretamente os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE). Ambos são citados em delações premiadas no âmbito da Lava Jato. A iniciativa de Jucá ocorre dias após a homologação da delação da Odebrecht e na eminência da quebra de sigilo dos acordos.
"Todo momento é momento para colocar os pontos nos i's e deixar as coisas claras", disse Jucá. "Eu não quero blindar a Lava Jato, nós não estamos querendo parar a operação. Qualquer informação nesse sentido é um absurdo", continuou o peemedebista.
Ele destacou que "não é democrático" que o presidente possa "ser sacado" da linha sucessória "pela vontade" do PGR. "É assim que vamos atuar? Vamos diminuir poder Legislativo ou Judiciário por conta de uma pseudo-proteção à Lava Jato?", questionou.
Jucá considera que, caso um dos presidentes seja alvo de denúncia, só poderá ser investigado e julgado após o término do mandato de dois anos no cargo. O senador defende que é "legítimo" dar o mesmo tratamento aos presidentes dos três poderes para garantir maior "equilíbrio" às instituições.
"Os presidentes não podem ficar suscetíveis a sair do cargo por conta de uma decisão pessoal do procurador-geral da República. Acho que isso não é consistente com a harmonia dos poderes", afirmou. Segundo o líder do governo, a sua proposta apenas "defende o que determina a Constituição".
Com a apresentação da PEC, o texto deve ser encaminhado inicialmente para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Se aprovada, irá para apreciação no plenário do Senado. "Vamos ao debate. Aqueles que quiserem votar votarão. Os que não quiserem votar se agacharão e tirarão a responsabilidade e a representatividade do Senado e da Câmara. Por mim, isso não acontecerá", declarou Jucá.
Oposição critica
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a proposta Romero Jucá é um "escândalo". Ele considera que o texto não tem condições de ser aprovado na Casa.
"Eles estão perdendo a compostura, estão se lixando para a opinião da sociedade", comentou Lindbergh.
A apresentação da proposta gerou reação da oposição. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), classificou o texto como a "PEC da indecência". "No momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) decide sobre a permanência de réus na linha sucessória, o Senado quer propor o contrário. É uma PEC para prever que investigados possam permanecer", avaliou Randolfe.
Confira a lista de senadores que assinaram o apoiamento para protocolar a PEC:
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