Funcionários 'herdavam' a propina, diz procurador da Lava Jato
O procurador Roberson Pozzobon, da força-tarefa da Operação Lava Jato, apontou nesta terça-feira, 28, para uma "verdadeira herança à propina". Sucessor de Pedro Barusco na gerência Executiva de Engenharia e Serviços da Petrobras, o ex-executivo da estatal Roberto Gonçalves foi preso em Boa Vista, Roraima, na manhã desta terça-feira, 28, alvo da Operação Paralelo, 39ª fase da Lava Jato.
Gonçalves ficou no cargo entre março de 2011 e maio de 2012. Barusco é um dos delatores da Lava Jato e confessou ter recebido US$ 97 milhões em propinas.
"Havia um certo direito adquirido à propina. Por que um certo direito adquirido? Mesmo após os funcionários da Petrobras corrompidos saírem da estatal, eles continuavam recebendo por um, dois ou três anos valores das empresas corruptoras quando não tinham qualquer influência naquele cargo. Hoje nós vivemos uma verdadeira herança à propina", declarou o procurador nesta terça.
Segundo Pozzobon, "a partir de diversas colaborações, documentos e cooperações internacionais", foi revelado que após a saída de Pedro Barusco da gerência, "na sucessão do cargo também se passou o bastão da propina".
"Pedro Barusco conversou com executivos da UTC, da Odebrecht e falou: "Olha, a partir de agora, quem vai receber propina em favor da gerência de Engenharia da Petrobras será o Roberto Gonçalves. Conversem com ele". Foi nesse sentido que o colaborador e então operador financeiro Mário Góes revelou que passou a fazer pagamentos em dinheiro a Gonçalves e também pagamentos via remessa ao exterior", relatou Roberson Pozzobon.
"Interessante nesta fase da Lava Jato é o que restou evidenciado no sentido de uma sucessão de pessoas, não apenas no cargo de gerente de Engenharia da Petrobras, mas no recebimento das propinas. Passados três anos de Operação Lava Jato, diversas colaborações celebradas, documentos coletados, se verificou que a corrupção é intergeracional, ela passa de geração em geração, infelizmente, de pai para filho."
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