Cuidados paliativos devem ser antecipados, dizem médicos
Segundo as análises apresentadas, a prática aumenta a sobrevida do paciente com câncer, melhora a qualidade de vida e minimiza os sintomas trazidos pela doença. "A nova diretriz reforça uma tendência que já vínhamos tentando praticar há anos, da intervenção precoce", explica André Filipe Junqueira dos Santos, vice-presidente da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP). Pesquisa conduzida pelo especialista em um hospital de Ribeirão Preto mostrou que os pacientes oncológicos só são encaminhados à equipe de cuidados paliativos cerca de seis meses após o diagnóstico da doença metastática.
Os especialistas explicam que, hoje, a prática não é voltada apenas para casos incuráveis ou terminais. "Há pacientes com bom prognóstico, que podem viver anos, ou mesmo que tiveram a doença curada, mas que precisam de apoio multidisciplinar", diz Aldo Lourenço Dettino, oncologista clínico do A. C. Camargo Cancer Center. Ele cita o caso de um paciente com câncer nos ossos que precisou amputar uma perna, teve a doença removida, mas ainda sentia dores que vinham do local amputado - a condição chamada de síndrome do membro fantasma. "É uma dor neuropática. O câncer já havia sido tratado, mas o paciente ainda passava por sofrimento e precisava de suporte."
Crianças
Com o aumento nos casos de câncer no País e a importância dada a novas abordagens de cuidados paliativos, profissionais de todo o País se preparam para lidar com isso nas mais difíceis situações, como em casos de câncer infantojuvenis. Um exemplo é o de duas funcionárias do Hospital Estadual da Criança (HEC) do Rio: a intensivista pediátrica Simone Gregory, de 46 anos, e a psicóloga Michèlle Ávila, de 31, que partiram para a especialização no programa de pós-graduação sobre o tema do Hospital Sírio Libanês, referência no País.
Ali aprenderam até que, às vezes, as normas são para serem burladas. Michèlle e Simone tratavam Alexandre (nome fictício), de 16 anos, que tinha no fêmur esquerdo um osteossarcoma, tumor ósseo agressivo. Certo dia, o rapaz fez um pedido: "Meu cachorro pode vir me ver?". "Nós sabíamos que a alta não seria mais possível. O nosso entendimento foi de que ele estava querendo se despedir do cãozinho", conta a psicóloga. Discutiu-se um protocolo para quebrar a regra de que animais não são permitidos em hospitais. "Foi o primeiro sorriso que eu vi dele", lembra Michelle.
Para a médica, o grande desafio é promover a "construção de mentalidade, a mudança de pensamento" entre os próprios médicos. "Nós, intensivistas, somos treinados para entubar, pegar veias e devolver aquela criança para a família. Falta na nossa formação esse outro olhar: tem um momento que essas coisas não são possíveis. É preciso um outro tipo de cuidado, cuidar daquela família, transformar aquele momento."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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