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Maia critica FHC: parece um 'jovem estudante' querendo voltar ao passado

Daniel Weterman, André Ítalo Rocha e Pedro Venceslau

São Paulo

26/06/2017 20h32

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou nesta segunda-feira, 26, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e falou que o tucano parece um "jovem estudante" querendo voltar no tempo ao propor a antecipação das eleições. Além disso, Maia atacou os setores do PSDB que estão apoiando a sugestão de FHC e disse que esse "ziguezague" não contribui com o País.

Em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo nesta segunda-feira, Fernando Henrique Cardoso fez um "apelo" ao presidente Michel Temer (PMDB) para "que medite sobre a oportunidade de um gesto dessa grandeza" ao encabeçar uma proposta de antecipar as eleições presidenciais.

Após um debate sobre reforma política na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Rodrigo Maia afirmou que o ex-presidente não colabora com a experiência que tem ao fazer a proposta de antecipar eleições. "Parece que ele está querendo participar desse processo, não sei, como se estivesse voltando ao passado, como se fosse um jovem estudante querendo marcar uma posição", atacou Maia.

O presidente da Câmara afirmou que é preciso "paciência" e aguardar o conteúdo da eventual denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Temer para emitir uma posição. "O que a gente não pode é, em um momento de crise que o Brasil vive, um político com a importância do ex-presidente Fernando Henrique tem na nossa recente democracia ficar gerando menos estabilidade", disse Maia, destacando que tinha respeito pelo tucano.

Maia disse que políticos como FHC precisam ter um discurso mais conservador na atual crise política, e não "colocar lenha na fogueira". Apontando setores do PSDB que estão apoiando a defesa de FHC, Maia criticou o que chamou de "ziguezague" do partido. "No início da crise, setores do PSDB defendiam eleição indireta. Aí aparece Diretas Já. Eu acho que esse ziguezague não colabora com o momento que o Brasil vive."

Perguntado se a permanência de Temer era imprescindível para aprovar as reformas no Congresso, Maia não quis opinar. "Essa não é uma decisão minha. a PGR vai apresentar a denúncia e cada deputado vai avaliar se tem consistência", afirmou. "A gente não pode nem pré-condenar o presidente nem pré-absolver."

Reforma política

Com pouco mais de três meses para aprovar alguma mudança eleitoral que passe a valer nas próximas eleições, Maia afirmou que será difícil construir maioria no Congresso para aprovar mudanças essenciais ao pleito de 2018. "Não é fácil. A gente sabe que não é simples construir maioria em um tema tão complexo", disse.

Maia afirmou ainda que uma cláusula de desempenho e o fim das coligações já têm "acordo avançado" na Câmara e no Senado, mas vê como difícil aprovar outras mudanças para 2018. Pela proposta, a cláusula valeria para 2018 e o fim das coligações para 2020.

Ele citou que deve se reunir amanhã em Brasília com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e com outras lideranças para discutir um calendário conjunto de uma minirreforma política. Na pauta, está a criação de um fundo eleitoral proposto por Romero Jucá (PMDB-RR) com estimativa inicial de R$ 3,5 bilhões. No parecer elaborado pelo deputado Vicente Cândido (PT-SP) na Câmara, o valor do fundo é de R$ 2,2 bilhões. "Tem a proposta do Vicente e outra do senador Romero. Vamos discutir amanhã", afirmou Maia.

Durante o debate da Fiesp, ele citou o sistema de voto distrital misto como viável à realidade brasileira e afirmou que estava otimista sobre a aprovação de uma boa reforma política para 2018. "Não é fácil aprovar, talvez seja otimismo demais", disse em conversa com jornalistas após o evento.

Regularização de terras

Maia também falou que vai colocar amanhã novamente em votação a medida provisória que estabelece regras para regularização de terras da União ocupadas na Amazônia Legal.

Na semana passada, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar a uma ação movida pelo PT e determinou que a proposta voltasse a ser debatida pela Câmara.