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PTB abriria todas as portas para Alckmin, diz Roberto Jefferson

Ricardo Borges/Folhapress
Imagem: Ricardo Borges/Folhapress

Pedro Venceslau

São Paulo

21/08/2017 20h57Atualizada em 21/08/2017 21h39

Dois anos depois de deixar a prisão graças a um indulto concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a condenados na Ação Penal 470, mais conhecida como "mensalão", o ex-deputado Roberto Jefferson, de 64 anos, presidente nacional do PTB, está de mudança para São Paulo, por onde pretende disputar uma vaga de deputado federal com apoio do governador Geraldo Alckmin.

Vivendo no badalado Hotel Emiliano enquanto não encontra uma casa, Jefferson alinhou seu partido ao projeto político nacional do chefe do Executivo paulista. Nesta entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele critica o prefeito João Doria (PSDB) por sua movimentação nacional e fala sobre seu período de 15 meses preso.

Como avalia essa movimentação nacional do prefeito João Doria?

Ainda não vi governo dele. Por enquanto só tenho visto factoides. Tirando esse pronto-socorro da noite (Corujão da Saúde), não tem mais nada. Essa coisa de parceria público-privada tem um limite. Além disso, ninguém pode começar atropelando. Liderança não se atropela. Eu esperei oito anos para ser líder do PTB. Nunca me rebelei. Tem que construir a liderança. Atropelar gera ressentimento e divide dentro de casa. Isso é um desastre. Doria é novo. Pode esperar o momento dele.

Se ele disputar o governo de São Paulo não seria atropelo?

Se ele disputar o governo, monta o palanque do Alckmin em São Paulo e ajuda a alavancar vários outros no Brasil. Mas ele vai sair contra o Geraldo para presidente? Vai dividir dentro da base? Como velho político, Doria não me convence. Tem muita gente indo com ele na onda do oba-oba, do salve-se quem puder. Todo mundo com medo de ser reprovado pelo povo. Não aprovo esse movimento dele.

O PTB deve estar com quem na disputa presidencial de 2018?

Temos uma fortíssima tendência interna de acompanha o Geraldo na eleição. Ele é experiente, correto. Um homem honrado.

Se o PSDB fechar a porta para ele em 2018, o PTB abriria outra?

Seria o melhor dos mundos, mas não quero tencionar o PSDB e o PSB. Abriríamos todas as portas para ele. Não vamos apostar na crise.

O sr. pretende ser candidato a deputado federal por São Paulo. Por que deixou o Rio de Janeiro?

Pela identidade ideológica. São Paulo tem muita identidade com meu discurso e minha maneira de pensar, de ser e agir. Sou um homem de centro com posições muito liberais, às vezes até conservadora. Aqui tem liberdade e livre iniciativa. Tenho mais espaço e identidade com eleitorado paulista.

Como acha que o eleitorado de São Paulo vai lidar com o fato de o sr. ter sido condenado e preso por causa do mensalão?

Quem se identifica comigo, entende a minha luta e conhece a importância do meu trabalho. Sabe dos meus valores e entende essa passagem difícil, que foi importante para o meu amadurecimento e crescimento.

Que lição ficou do período da prisão?

Deus só dá carga para quem pode carregar. Deus tem propósito para os homens. Passei por isso e não me arrependo do que fiz. Nunca reclamei da vida. Cresci e saí maior do episódio. A prisão foi um tempo de reflexão. Foi bom para amadurecer no sentimento.

Seu mandato de deputado foi cassado por ter supostamente recebido R$ 4,5 milhões do esquema criado pelo Marcos Valério. O que foi desse dinheiro?

Esse dinheiro foi usado em candidaturas de vereadores e prefeitos do partido.

O sr. não ficou com nada?

Nada.

Como está a sua condição financeira?

Normal. Tenho uma vida bem estável, graças a Deus. Tenho aposentadoria e recebo proventos como presidente do PTB.