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'Não debato com pessoas condenadas por crime', diz Moro referindo-se a Lula

8dez.2017 - Moro em palestra na sede da Petrobras, no centro do Rio de Janeiro - José Lucena/FuturapressEstadão Conteúdo
8dez.2017 - Moro em palestra na sede da Petrobras, no centro do Rio de Janeiro Imagem: José Lucena/FuturapressEstadão Conteúdo

Fernanda Nunes e Denise Luna

Rio

08/12/2017 12h47

O juiz federal Sérgio Moro disse nesta sexta-feira (8) que "não debate publicamente com pessoas condenadas por crime" e se negou a responder fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para quem a atuação da Justiça tem servido para desmoralizar a Petrobras e o Rio de Janeiro.

Após participar de evento na sede da estatal do petróleo, no centro do Rio, Moro ainda criticou o foro privilegiado e disse que casas legislativas podem agir "com desvio de poder", ao evitar a prisão de parlamentares.

"O foro privilegiado fere o princípio da igualdade. Todas as pessoas têm que ser tratadas de maneira igual perante a lei. O princípio da igualdade está na base da nossa democracia. Por outro lado, na prática, os tribunais superiores estão assoberbados de processos, estão sobrecarregados de recursos", afirmou.

Segundo o juiz, é preciso pensar também nos mecanismos de proteção jurídica dos agentes políticos.

"Houve aquela discussão se está sujeita ou não uma prisão de um parlamentar a uma casa legislativa, não vou entrar no mérito da controvérsia. Mas, ainda que se for reconhecer alguma espécie de proteção, ela deve ser utilizada para proteger o parlamentar quanto a eventual perseguição política por conta da sua opinião pública e não para protegê-lo de investigações ou perseguições por corrupção", acrescentou.

Protesto

Um grupo de manifestantes protestava, por volta das 12h30, debaixo de chuva, em frente à sede da Petrobras, no centro do Rio de Janeiro. O ato é contra a presença dos juízes federais Sérgio Moro e Marcelo Bretas na empresa.

Funcionários da Petrobras divulgaram nota de nota de repúdio contra a presença do juiz. Eles chamaram Moro de "corrupto e golpista".

O deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) participou da manifestação. Segundo ele, Moro ajudou a "destruir a empresa".

"O fato de ser figura polêmica conduzindo uma operação questionável em seus objetivos declarados já configuraria um bom motivo para que a direção da empresa não o convidasse", diz a nota. "Porém, uma vez que os trabalhadores não foram consultados quanto ao destaque conferido ao juiz nas dependências da empresa, este manifesto de repúdio visa evidenciar que ele não conta com aprovação plena de toda Petrobras." 

Segundo o manifesto, a Operação Lava Jato parece uma série de TV, "atuando em parceria com a mídia monopolista e empresarial e alçando ao estrelato juízes e procuradores que deveriam agir de modo independente e discreto, sem pronunciamentos e ações espetaculosas conforme exige a profissão, opostamente ao que temos assistido".

A nota diz ainda que a Operação Lava Jato "avança gerando um rastro de destruição econômica". Os manifestantes sustentam que a parceria entre a mídia e o Judiciário está destruindo o país, a Petrobras e entregando "nossas riquezas ao capital estrangeiro". O manifesto sustenta que a Lava Jato foi responsável pela perda de mais de 1 milhão de empregos na cadeia de óleo e gás. 

Moro e Bretas, responsáveis pela Operação Lava Jato no Paraná e no Rio de Janeiro, respectivamente, e a secretária de Transparência e Prevenção da Corrupção do Ministério de Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União, Cláudia Taya, participaram do 4º Evento "Petrobras em Compliance", que contou também com o presidente da empresa, Pedro Parente, a diretoria e empregados convidados. A data foi escolhida por conta da comemoração do Dia Mundial contra a Corrupção, neste sábado (9).