Empreiteiro diz que ex-assessor de Lula pagou por obras do sítio
O empreiteiro afirmou ter cobrado o montante de R$ 163 mil, dividido em quatro vezes, para fazer a obra em 2010. De acordo com ele, a reforma teve início em dezembro daquele ano e "rolou ali uns 30 dias, mais ou menos".
Ao juiz Moro, o empreiteiro relatou que foi chamado pelo engenheiro Frederico Barbosa, ligado à Odebrecht, para terminar a obra de dois cômodos e de uma guarita do sítio. Segundo Carlos do Prado, o engenheiro o apresentou a Rogério Aurélio Pimentel, ex-assessor de Lula e também réu na ação sobre as reformas do sítio de Atibaia. O ex-presidente é acusado por corrupção e lavagem de dinheiro.
"Eu não sabia nem o nome dele (Aurélio). Depois que eu fiquei sabendo que o Aurélio é uma pessoa que negociava ou acertava os negócios da obra. Inicialmente, a única pessoa que eu conhecia lá era o seu Frederico. Esse Aurélio foi quando eu fiz o orçamento, que eu liguei para o Frederico: 'olha, o orçamento da obra está pronto'. A gente encontrou em um posto de gasolina que tinha lá antes de chegar na obra e encontrei com o Frederico e esse Aurélio. Ele (Frederico) falou: 'o dono da obra é esse daqui'. Eu passei para ele, eles conversaram lá e a gente começou a tocar a obra", contou.
O empreiteiro foi questionado pelo Ministério Público Federal sobre o orçamento da obra. O procurador quis saber se Carlos do Prado havia passado a estimativa dos gastos a Aurélio e também se o ex-assessor de Lula havia concordado.
"Concordou. Não teve assim nem discussão: 'Ah, me dá um desconto'", disse Carlos do Prado.
Recibo
Prado ainda afirma que emitiu contra Fernando Bittar, a pedido da Odebrecht, nota fiscal referente às obras do sítio atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Operação Lava Jato. De acordo com Prado, o ex-assessor de Lula, Rogério Aurélio Pimentel, enviou um office boy com os dados do empresário Fernando Bittar para que constassem na nota.
Segundo delatores da Odebrecht, com o fim de ocultar a titularidade do imóvel, o advogado Roberto Teixeira, defensor do petista, teria pedido à empreiteira para que as notas fiscais das obras fossem emitidas contra Fernando Bittar, empresário, filho do ex-prefeito de Campinas Jaco Bittar, e proprietário do terreno, segundo o registro de imóveis.
Ele relatou que o ex-executivo da Odebrecht Emyr Diniz o ligou pedindo para que se encontrassem no estacionamento de um clube em Campinas. "Quando eu cheguei lá a gente conversou e ele falou pra mim que havia necessidade de emitir uma nota fiscal do valor da obra que foi executada", relata.
De acordo com Prado, Emyr pediu para que a nota fosse emitida contra Fernando Bittar.
"No último pagamento, veio um office boy. Estávamos trabalhando em Campinas, quando o Aurélio ligou dizendo que estava com os dados da pessoa para emitir a nota fiscal. Ele mandou um office boy, eu dei um endereço, com endereço do Fernando. Emitimos uma nota para ele e o office boy levou a nota", afirma.
Denúncia
O caso envolvendo o sítio representa a terceira denúncia contra Lula no âmbito da Operação Lava Jato. Segundo a acusação, a Odebrecht, a OAS e também a empreiteira Schahin, com o pecuarista José Carlos Bumlai, gastaram R$ 1,02 milhão em obras de melhorias no sítio em troca de contratos com a Petrobrás.
Defesa
Com a palavra, a defesa de Lula:
"Carlos Rodrigues Prado afirmou que jamais teve conhecimento de qualquer relação entre contratos da Petrobras e a reforma que disse ter realizado no sítio de Atibaia, que é a real acusação feita pelo Ministério Público contra o ex-Presidente Lula.
A testemunha também não fez referência a qualquer atuação de Lula em relação a essa reforma, que, se realizada, foi incorporada à propriedade de bem imóvel que pertence à família Bittar.
O depoimento dessa testemunha, portanto, reforça a improcedência da acusação feita contra Lula e o "lawfare" praticado contra o ex-Presidente, que consiste no mau uso e no abuso das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política.
Cristiano Zanin Martins", advogado de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Com a palavra, o advogado João Vicente Augusto Neves, que defende Rogério Aurélio Pimentel:
"O depoimento apresentou uma série de contradições com o depoimento do Frederico Barbosa. Ele não diz ao certo quantas vezes esteve na obra, depois não diz ao certo onde encontrou com o Rogério. Ele alega ter encontrado com o Rogério quatro vezes para receber. O Rogério nega isso, que nunca encontrou com ele para fazer nem um tipo de pagamento. Ele se confunde na hora de descrever o Rogério. Ele não descreve fisicamente como era essa pessoa que se encontrou com ele para entregar quatro envelopes com uma quantia considerável de dinheiro. O Rogério nega que tenha encontra com ele para fazer qualquer repasse."
Com a palavra, Odebrecht:
"A Odebrecht continua colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. Está empenhada em ajudar a esclarecer qualquer dúvida sobre os relatos apresentados por seus executivos e ex-executivos. O acordo de colaboração da Odebrecht já se provou eficaz, inclusive com desdobramento em novas investigações e processos judiciais no Brasil e no exterior. A Odebrecht está comprometida a combater e não tolerar a corrupção, qualquer que seja a sua forma."
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