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PF apreende 15 relógios de luxo com Jaques Wagner

Julia Affonso

26/02/2018 14h47

A Operação Cartão Vermelho, deflagrada nesta segunda-feira, 26, apreendeu 15 "relógios de luxo" na casa do ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT). O petista foi alvo de mandado de busca e apreensão da operação e teve sua residência e seu gabinete na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do governo do Estado vasculhados.

"É sabido que ele tem muito interesse em relógios. Hoje foram apreendidos cerca de 15 relógios de luxo. A gente ainda vai analisar o valor desses relógios, porque vai ser submetido à perícia técnica para calcular o valor", afirmou a delegada da Polícia Federal Luciana Matutino Caires. "Tinha para ele e tinha para dar de presente."

A PF suspeita que Jaques Wagner tenha levado R$ 82 milhões de valores desviados das obras do estádio Arena Fonte Nova. O ex-governador chefiou o Estado entre 2007 e 2014.

A investigação mira irregularidades na contratação dos serviços de demolição, reconstrução e gestão do estádio da Copa 2014. A Polícia Federal identificou que "a licitação que culminou com a Parceria Público Privada nº 02/2010 foi direcionada para beneficiar o consórcio Fonte Nova Participações - FNP, formado pelas empresas Odebrecht e OAS".

"Em razão das delações da Odebrecht e de material apreendido na OAS, nós verificamos que de fato o então governador recebeu uma boa parte do valor desviado do superfaturamento para pagamento de campanha eleitoral e de propina. Havia dois intermediários, seja pela OAS seja pela Odebrecht que também foram alvo de busca nesta data. Um destes intermediários é o atual secretário da Casal Civil do Governo do Estado da Bahia e outro é o empresário muito próximo do então governador e também foi alvo de busca nesta data", afirmou a delegada.

A Cartão Vermelho cumpriu sete mandados de busca e apreensão, em Salvador. A PF vasculhou o gabinete de Jaques Wagner na Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Governo do Estado, Pasta comandada pelo petista.

O chefe da Casal Civil do Governo da Bahia, Bruno Dauster, também foi alvo de buscas.

Em nota, a PF informou que "dentre as irregularidades já evidenciadas no inquérito policial estão fraude à licitação, superfaturamento, desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro".

"A obra, segundo laudo pericial, foi superfaturada em valores que, corrigidos, podem chegar a mais de R$ 450 milhões, sendo grande parte desviado para o pagamento de propina e o financiamento de campanhas eleitorais."

Os mandados - expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região - estão sendo cumpridos em órgãos públicos, empresas e endereços residenciais dos envolvidos no esquema criminoso, e têm por objetivo possibilitar a localização e a apreensão de provas complementares dos desvios nas contratações públicas, do pagamento de propinas e da lavagem de dinheiro.

Defesa

Com a palavra, o advogado Pablo Domingues:

"A gente ainda não teve acesso integral ao inquérito. Do que a gente tem conhecimento, é que esses valores são valores feitos de modo aleatório, há uma fragilidade na elaboração dessas contas. São factoides, são inverdades. Ele está muito tranquilo com relação a isso, porque jamais houve essa situação. Está absolutamente tranquilo em relação a isso."