Topo

Em nova fase, Lava Jato prende ex-diretor da Petroquisa

Fausto Macedo, Julia Affonso, Luiz Vassallo e Ricardo Brandt

São Paulo

22/06/2018 07h23

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 21, a Operação Greenwich, 52.ª fase da Lava Jato, para a apuração de crimes contra subsidiárias da Petrobras. Entre os presos está o ex-diretor de Novos Negócios da Petrobras Química S/A (Petroquisa) Djalma Rodrigues de Souza. A prisão preventiva foi autorizada pelo juiz da 13.ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro. Além dele, também foi preso temporariamente o filho, Douglas Campos Pedroza de Souza.

Em nota, a PF afirmou que "o esquema criminoso identificado em várias oportunidades em contratações da Petrobras se repetiu também em suas subsidiárias". Neste caso, as irregularidades foram feitas, segundo os investigadores, para beneficiar a Odebrecht nas contratações.

"As informações e provas reunidas até o momento demonstram que o Grupo Odebrecht foi favorecido na obtenção de contratos em troca de repasses de recursos a funcionários da empresa, quer seja através da entrega de valores em espécie, quer seja através de remessas para contas bancárias estabelecidas no exterior."

Os delitos investigados são corrupção, crimes financeiros e lavagem de ativos. O nome atribuído à operação (Greenwich) remete ao nome de uma das contas bancárias mantidas no exterior e destinada, conforme investigações, ao recebimento de valores transferidos ilegalmente pela Odebrecht.

Rodrigues de Souza já havia sido alvo de investigação deflagrada em outubro, mas ele não chegou a ser preso à época em razão de uma cirurgia. Como resultado dessa operação do ano passado, ele e outros três ex-gerentes da Petroquisa foram denunciados pela força-tarefa da Lava Jato por supostas propinas de R$ 32 milhões.

Essas vantagens indevidas, segundo a Procuradoria, "relacionam-se com contratos firmados pela empreiteira, ainda em 2010, para realização de obras do Complexo Petroquímico Suape, em Pernambuco".

Offshore na Suíça

Agora, de acordo com as novas investigações, o fato de já ser investigado não o teria impedido de "sumir" com o dinheiro supostamente desviado para contas no exterior. Moro afirmou haver provas "em cognição sumária de que o acusado recebeu o equivalente a R$ 17,7 milhões em propinas no exterior".

O juiz federal escreveu ainda na sua decisão que "somente duas contas em nome de offshore na Suíça receberam cerca de US$ 5 milhões, como confirmado pelas autoridades suíças".

"As autoridades suíças, porém, informaram que as contas foram encerradas. Os valores foram, portanto, dissipados pelo acusado durante as investigações", escreveu o magistrado. Nas planilhas da Odebrecht, o ex-diretor da Petroquisa aparece com o apelido "Jabuti".

Moro concluiu que o ex-diretor da Petroquisa, "diante dos avanços das investigações e que incluiu a extensa cooperação com a Suíça, movimentou os ativos para local ainda desconhecido, provavelmente para outros países, frustrando os direitos de sequestro e confisco da sociedade". "Não se sabe se as outras contas, no Reino Unido ou nas Bahamas, também foram esvaziadas, mas o fato é que não estão bloqueadas", afirmou o juiz.

Defesas

Em nota, a Odebrecht afirmou que a investigação tem origem em informações fornecidas nas colaborações da construtora e de seus ex-executivos. A empresa disse que assinou um acordo de leniência com autoridades no Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador, Panamá e Guatemala, e que adotou "um sistema para prevenir, detectar e punir desvios ou crimes".

Procurada nesta quinta-feira pela reportagem, a defesa de Djalma Rodrigues de Souza e de Douglas Campos Pedroza de Souza não se pronunciou até a publicação desta matéria. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.