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Gleisi diz que Lula será candidato e que situação judicial é "muito difícil"

Lula (e) e Gleisi juntos durante ato do PT em setembro de 2017 - Nelson Antoine/Estadão Conteúdo
Lula (e) e Gleisi juntos durante ato do PT em setembro de 2017 Imagem: Nelson Antoine/Estadão Conteúdo

Daniel Weterman

São Bernardo do Campo (SP)

08/07/2018 22h08

Demonstrando não ter esperanças de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja solto imediatamente, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), afirmou neste domingo (8) que a situação judicial do petista chegou a um "momento muito difícil".

Em um ato com aproximadamente 500 pessoas em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, a dirigente petista disse que, se depender do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF), Lula ficará preso. Gleisi declarou que o Supremo Tribunal Federal (STF) pode "restabelecer" a justiça para Lula, mas ponderou que sua esperança está "no povo brasileiro".

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"Chegamos em momento muito difícil para a situação judicial do presidente Lula. Já temos denunciado essa situação que é ilegal inconstitucional, que é ofensiva aos direitos humanos do presidente. Agora nós vemos que realmente está uma situação insustentável", disse Gleisi, em coletiva de imprensa após se reunir por duas horas com aliados na sede do sindicato.

Antes das falas de Gleisi, o presidente do tribunal em Porto Alegre, Thompson Flores, endossou decisão suspendendo um habeas corpus que havia sido dado pelo plantonista da Corte, desembargador Rogério Favreto, em favor do ex-presidente Lula. Com a decisão de Thompson Flores, o petista fica na cadeia.

A presidente do PT classificou a decisão do presidente do TRF-4 como "absurda" e "vergonhosa". Segundo ela, nenhum desembargador poderia se manifestar após a decisão do plantonista, pois não havia nenhum recurso questionando a primeira manifestação pela liberdade de Lula.

Além disso, Gleisi atacou a Polícia Federal afirmando que o órgão ficou "enrolando" e agindo "em marola" ao não liberar o petista da cadeia enquanto aguardava uma decisão administrativa. Ela disse que o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, tem "muito o que explicar" sobre a não soltura de Lula. A PF é subordinada à Pasta comandada por Jungmann no governo federal.

O PT convocou os militantes para uma manifestação, em São Paulo, amanhã a partir das 11 horas. "Lula vai ganhar a eleição mesmo que esteja preso", disse Gleisi, no discurso para os militantes. Ao deixar o local, a presidente do PT foi abordada por um apoiador que perguntou se Lula será realmente candidato à Presidência. "Mesmo preso, ele será candidato", declarou a petista. A estratégia do PT é registrar Lula como candidato no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dia 15 de agosto, data limite para inscrição de chapas na eleição.

Críticas

A presidente do PT, em coletiva à imprensa, rebateu críticas de que o desembargador que ordenou a soltura de Lula, Rogério Favreto, por ter sido filiado ao PT, não poderia se manifestar pela liberdade do petista. "Vocês colocam o Moro também nessa situação?", disse aos jornalistas, afirmando que o juiz da Lava Jato no Paraná, que condenou Lula na primeira instância, participou de eventos com políticos do PSDB.

Gleisi afirmou que Favreto teve filiação ao PT, mas que "nunca mais andou com ninguém do mundo político". No discurso aos militantes, ela classificou a decisão pelo habeas corpus como "maravilhosa".