Topo

Itens mais preciosos do Museu Nacional queimaram, dizem funcionários

São Paulo

03/09/2018 12h34

Estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e funcionários do Museu Nacional confirmaram nesta segunda- feira (3) que o prédio, destruído pelo fogo domingo, vinha em más condições há décadas. "Eu me sinto num velório. A sensação é de ter perdido um parente próximo", disse o biólogo Antonio Carlos Neves, de 33 anos, que cursou mestrado na UFRJ.

Ainda é possível ver focos de incêndio no imóvel. Mas a direção disse que "há esperança" de se recuperar parte do acervo, e alguns itens já foram resgatados. O museu reunia mais de 20 milhões de itens.

Veja mais:

Desolados, Neves e três colegas, que preferiram não ter a identidade divulgada, disseram acreditar, pelas condições dos escombros e desabamentos ocorridos nos três pavimentos, que os principais itens do conjunto museológico se perderam: três múmias egípcias, o crânio de Luzia, o primeiro do continente, as ossadas de baleia jubarte e do dinossauro conhecido como "dinoprata", os diários da Princesa Isabel, o mobiliário imperial, a coleção de documentos da Imperatriz Teresa Cristina, os afrescos de Pompéia.

Assoalhos originais do século 19 falhos, infestação de cupins, fiações elétricas aparentes, entre outros problemas estruturais, foram listados pelos funcionários como questões antigas. "A verba nunca foi suficiente; este ano, piorou muito. Coleções de entomologia, insetos, aranhas, crustáceos e moluscos tinham problemas ", disse uma bióloga.

Bombeiros disseram que as paredes externas têm espessura de cerca de um metro, o que os leva a crer que não há risco de desmoronamento. Já internamente o cenário é de destruição quase total, com focos sendo avistados de fora.

A direção do museu requer que o governo federal ceda contêineres para que o trabalho possa ser retomado e que o orçamento de 2019 tenha dotação específica para o museu. "Nunca escondemos os nossos problemas. Queremos a Polícia Federal aqui dentro apurando as causas. Aos culpados ainda vamos apontar os dedos. É despertadora a frustração. Lamentavelmente não tivemos a deferência da presença de ministros nos 200 anos do museu", disse o diretor, Alex Kellner, ao comentar a carência de recursos do governo federal para o museu e a ausência de autoridades por ocasião do bicentenário da instituição.