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Jungmann rebate críticas à entrada da PF no caso Marielle

Fábio Motta/Estadão Conteúdo
Imagem: Fábio Motta/Estadão Conteúdo

Teo Cury

Brasília

02/11/2018 20h51

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, divulgou nota rebatendo as entidades ligadas à Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro que criticaram sua fala durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (1º), em Brasília. Segundo o comunicado, "em nenhum momento" o ministro "identificou os agentes públicos que poderiam estar envolvidos com uma possível rede de proteção a criminosos".

Jungmann anunciou nesta quinta que a Polícia Federal vai investigar a existência de um grupo criminoso articulado para atrapalhar e impedir as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, em março. O ministro solicitou ainda a instauração de inquérito policial para apurar o envolvimento de agentes públicos, milicianos e contraventores que estariam atuando em conjunto.

Nesta sexta-feira, o Sindelpol-RJ (Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro) e a Adepol-RJ (Associação dos Delegados de Polícia do Estado do Rio de Janeiro), em nota conjunta, lamentaram "as declarações e nova tentativa" do ministro "de capitalizar dividendos políticos em cima da investigação dos homicídios da vereadora Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes".

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Na avaliação das entidades, Jungmann "se apressa em expor e por em cheque a credibilidade das investigações", atitude que, de acordo com elas, "tenta induzir um descrédito da sociedade na polícia investigativa, o que somente interessa aos marginais e representa uma total inversão de valores, dissociada do anseio da população, em nada auxiliando na promoção do almejado interesse público".

De acordo com a nota da assessoria de comunicação do ministério, Jungmann "limitou-se a informar os termos da determinação expressa recebida da Procuradoria-Geral da República para que a Polícia Federal, a ele subordinada, investigasse essa possibilidade a partir de denúncias graves obtidas pelo Ministério Público Federal".

A nota reforça ainda que "a medida não configura a federalização das investigações dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes, que continuam a cargo das autoridades policiais estaduais".

Leia a nota das entidades:

"O Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (Sindelpol RJ) e a Associação dos Delegados de Polícia do Estado do Rio de Janeiro (Adepol-RJ) vêm a público lamentar com veemência as declarações e nova tentativa do ministro da Segurança Pública Raul Jungmann de capitalizar dividendos políticos em cima da investigação dos homicídios da vereadora Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes. Não é a primeira vez que isso acontece, em abril deste ano, de forma açodada, atécnica e descompromissada, o ministro revelou algumas linhas de investigação, o que contraria os manuais mais básicos de policia judiciária.

Desta vez, com base em uma denúncia formulada por um miliciano homicida desacompanhada de qualquer outro elemento de prova que pudesse ratificar suas declarações e que ataca a própria Delegacia de Homicídios responsável por sua prisão, o ministro Raul Jungmann, dando maior credibilidade à palavra do referido criminoso em detrimento de agentes do Poder Público de notória história de combate à criminalidade, se apressa em expor e por em cheque a credibilidade das investigações, de uma instituição bicentenária como a PCERJ, da Divisão do Homicídios e de grandes profissionais que têm suas biografias dedicadas à sociedade e a proteção de direitos.

Essa atitude tenta induzir um descrédito da sociedade na Polícia investigativa, o que somente interessa aos marginais e representa uma total inversão de valores, dissociada do anseio da população, em nada auxiliando na promoção do almejado interesse público, ao contrário, apenas acaricia a vaidade do ministro, Raul Jungmann encarna um dos maiores males, em se tratando de gestão de segurança pública. Político profissional e sem qualquer habilitação na área, comanda um Ministério responsável por uma matéria estritamente técnica, entretanto, não hesita em optar sempre por espaço na mídia e ganhos políticos mesmo que em malefício da investigação e do trabalho dos profissionais de segurança.

Cabe consignar, ainda, a máxima confiança que depositamos na Divisão de Homicídios, que já provou em diversas oportunidades comprometimento e competência, considerando a alta taxa de elucidação de crimes contra a vida, muitos deles extremamente complexos, cometidos em área de risco e contando com reduzidos recursos materiais e humanos. Acreditamos, ainda, em dias melhores nos quais os ministros serão escolhidos por critérios técnicos, ao invés de políticos, daqueles que pretendem fazer politicagem com a segurança pública."