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Brasil recebe prêmio 'Fóssil do Dia' por barrar progresso na COP-24

4.dez.18 - Ativistas ambientais se manifestam na COP-24, em Katowice, Polônia - Kacper Pempel/Reuters
4.dez.18 - Ativistas ambientais se manifestam na COP-24, em Katowice, Polônia Imagem: Kacper Pempel/Reuters

Giovana Girardi

05/12/2018 21h09

"O que aconteceu com você, Brasil?" A pergunta foi o início de uma lista de duras críticas, mas em tom de piada, que um grupo de mais de mil ONGs fez nesta quarta-feira (5) ao país durante a Conferência do Clima da ONU, que é realizada em Katowice (Polônia).

O Brasil foi "laureado" com o já tradicional prêmio "Fóssil do Dia", que é entregue pela organização Climate Action Network para os países que fazem seu melhor trabalho para barrar o progresso nas negociações.

O motivo da honra foram declarações recentes do presidente eleito Jair Bolsonaro e de seu futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que indicam que o país pode abandonar os esforços de combate ao aquecimento global. Bolsonaro já disse que poderia tirar o Brasil do Acordo de Paris. E Araújo escreveu em seu blog que a mudança climática é parte de uma trama marxista para transferir o poder para a China.

"O local de nascimento da convenção climática da ONU (durante a Rio 92), uma vez celebrada por seus avanços espetaculares na redução do desmatamento e mitigação do aquecimento global, tornou-se motivo de chacota dos negociadores em Katowice", afirmaram os organizadores da premiação.

Eles destacaram a desistência do país de sediar a conferência do clima no ano que vem, após a gestão Temer ter dito que gostaria de fazê-lo, apenas dez dias antes do início da conferência deste ano. "Bolsonaro cancelou a oferta para sediar a COP-25 no próximo ano porque leu no WhatsApp que o Acordo de Paris é uma ameaça à soberania do Brasil", disseram.

Os ambientalistas também questionaram as visões de Bolsonaro para a Amazônia. "Os criminosos ambientais estão ouvindo atentamente: entre agosto e novembro, as taxas de desmatamento subiram 32%, e um estudo recente estimou que (a taxa) pode chegar a 25 mil km² por ano, com emissões resultantes de 3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono. Isso é tchau ao 1,5°C (meta de aquecimento do Acordo de Paris)."

Em sua justificativa, os ambientalistas lembraram ainda que a Amazônia "exporta umidade que alimenta as chuvas no sul do país" e disseram que "Bolsonaro está arriscando seu povo e ameaçando o destino de todo o planeta".

As assessorias de imprensa do presidente eleito e da equipe de transição foram procuradas para comentar as críticas, mas não se manifestaram até o fechamento desta edição.