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Interino, general Floriano Peixoto deve ser o 8º militar no ministério

General Floriano Peixoto (foto) deve ficar no lugar de Bebianno - Divulgação
General Floriano Peixoto (foto) deve ficar no lugar de Bebianno Imagem: Divulgação

Tânia Monteiro, Camila Turtelli, Anne Warth, Julia Lindner, Mariana Haubert e Breno Pires

Em Brasília

18/02/2019 08h12

O presidente Jair Bolsonaro convidou o general da reserva Floriano Peixoto a assumir interinamente o ministério ocupado por Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral), que deve ser exonerado hoje após entrar na mira do seu filho, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro (PSC). Se executado, o plano vai reforçar a presença dos militares no Planalto. O chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, será o único civil entre os quatro ministros que despacham no palácio.

No sábado à tarde, Bolsonaro chamou ao Palácio da Alvorada, residência oficial dos presidentes da República, Floriano Peixoto e o também general Maynard Santa Rosa, que atuam na equipe de Bebianno. Na ocasião, explicou a eles seus motivos para afastar o ministro e os convidou a permanecer. Assim como Peixoto, Santa Rosa também aceitou ficar na Secretaria de Assuntos Estratégicos, cargo subordinado à Secretaria-Geral. A opção por Peixoto foi revelada pelo Estado no domingo.

Peixoto assumirá interinamente porque um setor do governo vê na saída de Bebianno uma oportunidade para Bolsonaro reduzir o número de ministérios, hoje em 22. Sua promessa de campanha era ter apenas 15. A Secretaria-Geral tem entre suas atribuições modernizar a administração do governo e tocar os grandes projetos.

A escolha de Floriano Peixoto conta com o apoio de Onyx Lorenzoni, que trabalha para que ele seja efetivado no ministério. Com isso, ele evitaria dividir o comando do núcleo político com alguém do PSL. Por outro lado, Onyx viraria uma vidraça fácil. Ele já foi alvejado no início do governo por suspeitas de caixa 2 e não conta com a simpatia de Carlos Bolsonaro.

Interlocutores do presidente relataram que Bebianno perdeu as chances de continuar no cargo após chegar a Bolsonaro a informação de que ele deixou vazou mensagens de áudio com ordens que recebeu de Bolsonaro. A estratégia tinha o objetivo de desconstruir a versão de Carlos Bolsonaro de que o ministro e o pai não se falaram enquanto ele estava internado no hospital Albert Einstein.

Por ter afirmado ao jornal "O Globo" que havia conversado três vezes com Bolsonaro, Carlos o chamou de mentiroso. Antes disso, o nome de Bebianno foi citado em esquema de desvio de dinheiro do Fundo Partidário do PSL, o que ele nega.

O ato de exoneração do ministro foi assinado por Bolsonaro ainda no fim de semana e deve ser publicado no Diário Oficial da União desta segunda-feira. O objetivo foi ganhar tempo para construir uma saída política para o caso e evitar que Bebianno "saia atirando" contra desafetos.

Bolsonaro deve demitir Bebianno após suspeitas

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'Chumbo'

O Planalto foi avisado de que está sendo preparado "chumbo grosso" contra Carlos Bolsonaro, a quem Bebianno só se refere com adjetivos que desqualificam sua capacidade intelectual. Em conversas, o ministro diz que o "ciúme exacerbado" que Carlos tem do pai foi posto acima do país.

O empresário Paulo Marinho, suplente do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), passou as últimas horas em Brasília ao lado de Bebianno e resumiu: "O melhor seria que cada filho se ocupasse de suas funções parlamentares em vez de ficar o dia inteiro na internet".

O episódio ajudou os militares a advertirem Bolsonaro sobre os problemas que os filhos podem causar para o governo. O Planalto está paralisado desde sua volta a Brasília.

Os militares, que não estão acostumados com troca de farpas por redes sociais, evitavam o tema família com o presidente. "Não dá mais para prosseguir isso", desabafou um deles, justificando que a crise atrapalha a governabilidade e cria situações insustentáveis. "É muita confusão. Nunca imaginei que seria assim", observou. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.