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Avanço da doença afeta até trabalho de crecheiras

Márcia de Chiara

São Paulo

02/04/2020 07h30

O fechamento de creches da Prefeitura de São Paulo por causa da pandemia do novo coronavírus, que em um primeiro momento aumentou a procura pelas "crecheiras", mulheres da comunidade que ganham a vida tomando conta dos filhos de outras mulheres, agora tirou o ganha-pão dessas prestadoras de serviço. "Todo mundo está em casa", conta Claudia Regina Di Silvério, de 48 anos, que é "crecheira" na comunidade de Paraisópolis, zona sul da capital.

Ela, que antes da pandemia tomava conta de nove crianças e viu, em um primeiro momento, a procura pelo serviço dobrar por causa do fechamento das creches, agora está tomando conta de apenas uma criança. Resultado: a renda que era de R$ 700 como "crecheira", caiu para R$ 200. "Pago R$ 550 de aluguel e vou ter de me virar fazendo ovos de Páscoa."

De toda forma, o fechamento de creches continua sendo um problema para mães que são diaristas na prestação de serviços domésticos, isto é, só ganham quando trabalham. E outras que estão empregadas em setores essenciais, como o de alimentação, que não pararam de funcionar mesmo com a pandemia. Com o dinheiro contado e temendo perder o emprego que acabou de conseguir, uma auxiliar de cozinha, que não quis ser identificada, contou que está pagando R$ 300 por mês para a sua irmã tomar conta do filho de 2 anos. Ela optou por essa saída porque acha que é menos arriscada para a saúde do menino, pois a irmã só toma conta de uma criança.

Mas isso vai pesar muito no bolso da auxiliar de cozinha, que trabalha em uma rede de restaurantes que passou a atender somente por meio de serviços de entrega. Ganhando cerca de R$ 1 mil, ela gasta R$ 330 com aluguel e agora terá essa despesa adicional. Sobra, portanto, muito pouco dinheiro para as outras despesas básicas. "Não posso faltar, não posso perder este emprego, a minha empresa já demitiu 150 pessoas."

Recesso

A Secretaria Municipal de Educação optou por antecipar o recesso que aconteceria em julho e as 4 mil escolas permanecerão fechadas até, pelo menos, o dia 9 de abril. Em comunicado, a secretaria informa que "a pasta seguirá as medidas indicadas pela área da saúde e estuda alternativas, caso o período de isolamento seja prolongado". A medida atinge mais de 1 milhão de alunos da rede municipal de ensino, distribuídos em mais de 4 mil escolas e 2,5 mil centros de educação infantil que atendem às crianças de zero a 3 anos de idade. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.