Lava Jato diz ser "inconcebível que presidente tenha informações sigilosas"
25/04/2020 07h20
Os procuradores da República da força-tarefa da Operação Lava Jato de Curitiba afirmaram que "é inconcebível que o Presidente da República tenha acesso a informações sigilosas ou que interfira em investigações". Eles reagiram à demissão de Sérgio Moro do Ministério da Justiça por meio de nota.
O grupo de procuradores afirmou ainda que "a tentativa de nomeação de autoridades para interferir em determinadas investigações é ato da mais elevada gravidade e abre espaço para a obstrução do trabalho contra a corrupção e outros crimes praticados por poderosos, colocando em risco todo o sistema anticorrupção brasileiro."
O pedido de demissão
Ontem, Moro pediu demissão do cargo de ministro alegando discordar da suposta interferência política do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na PF (Polícia Federal) ao exonerar o diretor-geral da instituição, Maurício Valeixo.
Em pronunciamento, ele acusou o presidente de querer ter acesso a investigações sigilosas e disse que Bolsonaro lhe confidenciou estar preocupado com inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o novo indicado para chefiar a PF, o diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem, é homem de confiança de seus filhos.
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) esteve diretamente à frente da decisão que o levou ao comando da agência de inteligência em junho passado.