Mourão levará 3 mil militares à Amazônia e promete queda de 12% no desmatamento
Mourão, que preside o Conselho Nacional da Amazônia Legal, se reuniu com alguns ministros para apresentar informações sobre a "Operação Samaúma", como foi batizada a nova investida militar.
"Nós vínhamos numa trajetória muito boa até o final do mês de abril. Após a saída das Forças Armadas, houve um aumento significativo do desmatamento, principalmente no mês de maio. Os índices foram bem elevados", disse Mourão, acrescentando que a meta agora é reduzir entre 10% e 12% o índice de desmatamento verificado de julho do ano passado a agosto deste ano, em relação a julho de 2019 a agosto de 2020.
O efetivo vai permanecer na floresta até o fim de agosto, mas o prazo poderá ser prorrogado, caso o governo julgue necessário. Na avaliação de Mourão, a atuação dos militares no combate ao desmatamento e incêndios tem segurado o avanço dos crimes na floresta.
Ele chegou a afirmar que, quando os militares deixaram a Amazônia no fim de abril, houve aumento do desmatamento. O que o vice-presidente não comentou é que, naturalmente, com o fim das chuvas em muitas regiões, sempre ocorre o avanço dos criminosos sobre as áreas protegidas.
"Vamos atuar em força neste mês de julho, de modo que a gente feche o ciclo com uma redução na faixa de 10%, 12%. O ponto focal é que todas as agências cooperem para que haja uma sinergia nesse negócio" afirmou o vice-presidente. "A gente tem que chegar ao final do mês de julho com uma redução de 1 mil quilômetros quadrados de desmatamento. É um objetivo factível."
O índice de desmatamento verificado em unidades de conservação federais registrou um aumento de 312% em maio deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. As florestas protegidas, que são fiscalizadas pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), registraram 11.296 hectares de desmatamento, número bem superior ao registrado em maio de 2020, quando 2.741 hectares de florestas foram perdidos.
Recorde
O desmatamento acumulado também aponta que o País caminha para um novo recorde. As medições oficiais são feitas de agosto de um ano até julho do ano seguinte. Entre agosto de 2020 e maio de 2021, as unidades de conservação somam 33.820 hectares de mata devastada. Esse volume é 40% superior ao verificado entre agosto de 2019 e maio de 2020, intervalo que registrou 24.165 hectares de florestas perdidas.
Mourão disse que o governo precisa melhorar os números para chegar à Conferência do Clima (COP-26), em novembro, com o Brasil menos pressionado por sua atuação na área ambiental. O vice chamou a atenção ainda para a contratação temporária de mais de mil brigadistas pelo Ministério do Meio Ambiente, que, segundo ele, passou a contar com 3,2 mil em ações em campo.
As ações da Operação Samaúma ocorrerão em 26 municípios que apresentam maior quantidade anual de alertas de desmatamento, localizados no Amazonas (Apuí, Boca do Acre, Canutama, Humaitá, Lábrea, Manicoré e Novo Aripuanã); Mato Grosso (Apiacás, Aripuanã, Colniza, Cotriguaçú, Marcelândia, Nova Bandeirantes, Peixoto de Azevedo e Paranaíta); Pará (Altamira, Itaituba, Jacareacanga, Novo Progresso, São Félix do Xingu e Trairão); e Rondônia (Candeias do Jamari, Cujubim, Itapuã do Oeste, Machadinho DOeste e Porto Velho).
O vice não detalhou os custos da ação. Na operação militar Verde Brasil 2, que ocorreu entre maio de 2020 e abril de 2021, foram aplicados R$ 410 milhões, segundo Hamilton Mourão. Quando a iniciativa foi encerrada, o governo anunciou o Plano Amazônia 21/22, que já previa a continuidade de operações nas áreas prioritárias.
A escolha da Operação Samaúma, informou o Ministério da Defesa, é uma referência à maior árvore da floresta amazônica, que pode chegar a 70 metros.
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