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Ministra da Mulher, Damares pede cassação de Arthur do Val por áudio sexista: 'Nojento e sujo'

Damares Alves é ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos - Reprodução/Instagram @damaresalvesoficial1
Damares Alves é ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Imagem: Reprodução/Instagram @damaresalvesoficial1

Ricardo Leopoldo e Karla Spotorno

Em São Paulo*

05/03/2022 12h45Atualizada em 05/03/2022 14h00

Hoje cedo, a ministra de Estado da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, divulgou uma nota em que pediu a cassação do deputado estadual Arthur do Val (Podemos) e repudiou às declarações do parlamentar. Em áudios divulgados ontem, dia 4, o deputado, que é membro do MBL, afirma que mulheres ucranianas "são fáceis, porque são pobres".

"Nojento. Baixo. Sujo. São horripilantes as palavras de @arthurmoledoval", escreveu a ministra. E continuou: "Não ficará sem resposta! Este comportamento não é compatível com a de um representante do povo. Pediremos sua cassação imediata!"

Três deputados estaduais em São Paulo do Partido dos Trabalhadores e uma deputada do PSOL também já entraram com pedido no Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo contra o parlamentar Arthur do Val por quebra de decoro parlamentar. O partido do deputado, assim como a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), também se pronunciaram.

O deputado "Mamãe Falei", que foi à Europa para acompanhar a guerra, enviou áudios a amigos nos quais disse que as mulheres ucranianas são "fáceis porque são pobres." Um dos parlamentares do PT, Paulo Fiorilo, apontou que tais comentários são "gravíssimos."

O deputado do Podemos comentou em um áudio: "Vou te dizer, são fáceis, porque elas são pobres. E aqui minha carta do Instagram, cheia de inscritos, funciona demais." E o parlamentar teria continuado: "Não peguei ninguém, mas eu colei em duas 'minas', em dois grupos de 'mina', e é inacreditável a facilidade."

Nota de Repúdio da Assembleia

A Assembleia Legislativa de São Paulo emitiu nota de repúdio aos comentários do deputado do Podemos. "A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo repudia com veemência a fala do deputado Arthur do Val. O presidente, deputado Carlão Pignatari, afirma que a atitude é inaceitável e que será tratada com rigor e seriedade pelas esferas de investigação do Parlamento. A Alesp se solidariza com as mulheres, em especial às ucranianas, e reforça sua luta em defesa e proteção de todas, representadas por conquistas históricas, ações efetivas e leis em vigor."

O deputado Fiorilo enviou hoje uma carta ao Consulado Geral da Ucrânia em São Paulo comentando os áudios. "A sordidez dos áudios é ainda mais revoltante quando contextualizada no momento vivido pela Ucrânia e seu povo, em meio a um conflito armado, que fragiliza e vulnerabiliza suas mulheres, suas famílias e todo o seu povo."

O Podemos abriu processo disciplinar para investigar o caso. Há temores de que tal escândalo poderá trazer efeitos à candidatura de Sergio Moro à presidência da República. O ex-juiz também atacou os comentários do parlamentar do partido. ""O tratamento dispensado às mulheres ucranianas refugiadas e às policiais do país é inaceitável em qualquer contexto. As declarações são incompatíveis com qualquer homem público."

Ao retornar ao Brasil, o deputado Arthur do Val admitiu que fez os comentários e destacou que foi um erro. "Foi errado o que eu falei, não é isso o que eu penso, o que eu falei foi um erro num momento de empolgação e pronto." O parlamentar viajou para a Ucrânia no dia 28, com Renan Santos, um dos dirigentes do MBL, para acompanhar a guerra naquele país. Em um texto que publicou em redes sociais "Mamãe Falei" destacou que estavam fazendo coquetéis molotov para o exército ucraniano. "Fui para fazer coisa, mandei um áudio infeliz, e a impressão que passou é que fui fazer outra coisa."

*Colaborou o UOL

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.