PSB indica Alckmin como vice de Lula em meio a turbulência na campanha
No encontro, Lula disse que o casamento entre o PT e o PSB representava uma aliança para "consertar" o País. "Nós estamos dando uma demonstração muito forte ao Brasil", afirmou. "Vamos precisar da minha experiência e da experiência do Alckmin para reconstruir o País, conversando com toda a sociedade."
Alckmin se desfiliou do PSDB em dezembro, após 33 anos no partido, na esteira de uma crise com o então governador João Doria, hoje pré-candidato à Presidência. Entrou no PSB em março, depois de muita negociação para ser o vice na chapa petista.
A aliança foi ironizada por Bolsonaro e seus apoiadores porque o ex-governador sempre criticou o PT, além de ter dito, em outras campanhas, que Lula havia "quebrado o País". Ao compartilhar no Twitter uma foto dos dois novos parceiros sorridentes, Bolsonaro escreveu: "kkkkkkkkkkkkkk."
Diante de uma plateia formada por políticos do PT e do PSB, em um hotel de São Paulo, o ex-presidente ouviu Alckmin chamá-lo de "senhor" e se virou, com microfone em punho. "Daqui para frente, você não pode mais ser tratado de ex-governador e eu não posso ser tratado de ex-presidente. Você me chama de companheiro Lula, eu chamo você de companheiro Alckmin", disse ele. "Temos que provar à sociedade brasileira que o Brasil está precisando de amor e não de ódio."
Por uma mera formalidade, a indicação do ex-governador como vice na chapa passará pelo crivo do Diretório Nacional do partido, no próximo dia 13. Embora uma ala do PT faça reparos à aliança, não há qualquer chance de veto. O lançamento da candidatura de Lula, com a presença de Alckmin, será no próximo dia 30, no Anhembi.
União
Os dois antigos desafetos disputaram o segundo turno da eleição presidencial de 2006. O petista chegou a ganhar direito de resposta na Justiça Eleitoral após Alckmin compará-lo a um "ladrão de carros" e afirmar que no governo do PT havia uma "sofisticada organização criminosa". À época, o então presidente dizia que o adversário agia com "hipocrisia", tinha medo de punir desvios e não era à toa que recebera o apelido de "picolé de chuchu".
Agora, o argumento usado pelo ex-governador para justificar a união é o de defesa da democracia, que, no seu diagnóstico, está em risco. "Temos hoje um governo que atenta contra a democracia e as instituições", insistiu Alckmin, ao destacar que o momento é de "generosidade e grandeza política". Lula foi na mesma linha: "Feliz era esse Brasil quando a polarização se dava entre o PT e o PSDB".
'Munição'
O acordo que selou a aliança não interrompeu o processo de "caça às bruxas" instalado no PT. Nos bastidores do partido há críticas à coordenação da campanha e preocupação com deslizes verbais de Lula, que deram munição para adversários, principalmente bolsonaristas.
Lula tentou explicar, nos últimos dias, afirmações em defesa do aborto e o incentivo para que sindicalistas batessem à porta das casas de deputados e seus parentes, com o objetivo de cobrar votações no Congresso. Mas o desgaste já estava feito. Ao falar sobre a interrupção da gravidez, disse que se referia a uma questão de saúde pública. "É só pegar a Constituição, a Bíblia e a Declaração Universal dos Direitos Humanos que ali está tudo escrito: o que o povo tem direito e que a gente não consegue cumprir", resumiu.
Na avaliação de uma ala do PT, Lula tem sido mal orientado na estratégia eleitoral e erra ao recorrer à mesma tática usada por Bolsonaro ao dizer apenas o que seu eleitor quer ouvir, sem ampliar o leque de apoios. A "culpa", porém, não é debitada na conta dele, mas atribuída aos desacertos da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, na coordenação da campanha.
Apesar de integrar a chapa, o PSB não compôs federação com o PT, como o PCdoB e o PV. Em carta ao comando petista, o partido indicou que quer participar do programa de governo e do núcleo da campanha de Lula. "A democracia não pode ser uma fórmula vazia", diz o texto. Mesmo com a aliança nacional, PT e PSB não conseguiram fechar acordo em São Paulo, onde Fernando Haddad e Márcio França são pré-candidatos ao Palácio dos Bandeirantes.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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