Bloqueio em rodovia: Criança barrada a caminho de hospital passa por cirurgia
A ambulância que transportava a criança e outros 24 passageiros, pacientes com procedimentos de saúde marcados, foi barrada em meio aos bloqueios de bolsonaristas radicais ao longo da BR-163 desde o dia 17.
A discussão entre o pai e os caminhoneiros foi gravada e no vídeo é possível perceber que o pai tentou negociar com o grupo, mas não obteve êxito. No vídeo é possível ouvir um homem gritando: "Vá a pé. De carro, não passa". Ele tenta sensibilizar os caminhoneiros sobre a situação, mas outro homem diz: "Eu não tenho problema com seu filho. Pega um avião e vai. Aqui não vai passar".
A situação ficou tensa e só acalmou quando outro filho de do autônomo, de 13 anos, chega chorando pedindo para o pai parar. A passagem da ambulância não foi liberada.
Eles conseguiram chegar à capital de Mato Grosso depois de terem sido orientados pelo motorista de outra ambulância que já se encontrava após o bloqueio. "O motorista da outra ambulância viu nosso sufoco e veio orientar o motorista da ambulância onde estava meu filho", disse o pai. "Era a passagem por uma estrada dentro de uma fazenda, o motorista conseguiu encontrar a estradinha, a cerca de 100 metros, e saímos lá na frente do bloqueio."
A cirurgia
Com o impedimento, os pais da criança atrasaram para chegar ao hospital para cirurgia que deveria ter sido realizada na terça-feira. O procedimento, então, foi adiado para a quarta e transcorreu sem complicações, segundo o Hospital de Olhos de Cuiabá.
A cirurgia, explicou o pai, demorou cerca de cinco horas e consistiu na retirada de catarata e drenagem de um coágulo identificado logo após o acidente sofrido em sala de aula, no dia 27 de setembro.
"No dia seguinte ao acidente, 28 de setembro, ele passou por uma cirurgia de reconstrução e fomos orientados a buscar um especialista para continuar com o tratamento porque além da região ser muito delicada, é um procedimento complicado", contou. A família recorreu ao Ministério Público e conseguiu uma liminar, mas não estavam conseguindo vagas com o especialista e isso só foi possível quase dois meses depois.
A demora pode ter sido crucial para a visão do menino. Esse período de espera provocou uma pequena infecção no olho machucado. O garoto deveria ter sido submetido, além da retirada da catarata e drenagem do coágulo, a um implante de lente. "A equipe preferiu não realizar o implante agora porque foi encontrado, 'escondidinho' lá no fundo um restinho do grafite, e a equipe optou por esperar", contou o pai.
Na próxima segunda-feira, a criança passará por mais uma avaliação com a equipe médica e só então a família terá noção de quando retorna a Cuiabá para, se tudo estiver certo, realizar o implante da lente. O garoto sofreu o acidente na escola quando um grafite perfurou seu olho esquerdo.
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