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Michelle é aposta para sustentar bolsonarismo

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro - Reprodução/Facebook
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro Imagem: Reprodução/Facebook

Pedro Venceslau e Ana Luiza Antunes, especial para o Estadão

19/03/2023 15h57

Fora do Brasil desde 30 de dezembro e sem data para voltar, o ex-presidente Jair Bolsonaro se afastou do PL, que redirecionou as expectativas para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Entre aliados de Bolsonaro, é majoritária a avaliação de que ele corre sério risco de ficar inelegível até 2026, e Michelle se tornou a aposta mais nítida deste grupo político para capitalizar o recall eleitoral alcançado em 2022. Ela simboliza um protagonismo feminino, associado a um forte elo com o segmento evangélico, que pode ajudar a sustentar o bolsonarismo até a próxima disputa presidencial.

A estratégia consiste em explorar o bolsonarismo sem o próprio Bolsonaro e se aproximar do eleitorado feminino, principal foco de resistência ao ex-presidente. O desgaste do PL com Bolsonaro se acentuou com o persistente noticiário negativo em torno do ex-presidente. O caso das joias que entraram ilegalmente no Brasil, revelado pelo Estadão, é o mais recente. A leitura do PL é a de que Bolsonaro sofreu danos em sua imagem, mas Michelle pode ser blindada. A ex-primeira-dama, inclusive, vai tomar posse como presidente do PL Mulher no dia 21.

Evangélicas

Segundo analistas, as mulheres têm potencial para assumir o espólio do bolsonarismo. "Se pudesse fazer uma aposta, apostaria na figura de uma mulher", disse a coordenadora do Observatório da Extrema Direita, Isabela Kalil, em debate promovido pela Fundação FHC.

Na avaliação da antropóloga e professora do Departamento de Sociologia da UnB Jacqueline Teixeira, nomes como o de Michelle e o da senadora Damares Alves (Republicanos-DF) atraem o eleitorado evangélico. "Damares é alguém que vem de uma posição institucional dentro do pentecostalismo", observou.

Conselheiro do Instituto Ideia e pesquisador da George Washington University, Maurício Moura avaliou que a aderência de Michelle entre o eleitorado de Bolsonaro é muito mais assertiva. "O grau de aprovação e aceitação vai além das pessoas que votaram em Bolsonaro", afirmou. Em pesquisa que vai contemplar seu próximo livro, Moura mostra que o bolsonarismo continua se fortalecendo mesmo com uma possível inelegibilidade do ex-presidente.

"Michelle é a mais grata revelação do PL. Ela é mãe, esposa e representa a mulher no sentido mais completo da palavra", disse ao Estadão o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.