Líder do governo cobra entrega de votos de aliados com ministros do União Brasil na berlinda
"Ninguém quer ministro só técnico. Todo mundo é técnico e político. Bom desempenho é, primeiro, entregar o que a pasta demanda. Em segundo, é entregar relação política", declarou Wagner no Palácio do Planalto. Ele, no entanto, diz desconhecer o fato de que alguns ministros não estão entregando votos no Congresso.
Para o líder no Senado, trocas ministeriais podem ser sugeridas em caso de problema de desempenho ou de ruptura política. "Cada ministro representa um ou um conjunto de partidos. Se essa relação sofrer abalo, digo entre ministro ou quem representa, aí pode ser sugerida uma troca", declarou o ex-governador da Bahia.
Uma das pessoas mais próximas a Lula, Wagner minimizou as dificuldades na relação entre governo e Congresso. "As pessoas estão se acostumando a uma coisa nova", afirmou o senador, em defesa da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que proibiu o orçamento secreto. "Uma das coisas que animava muito a relação era o RP-9 [emendas de relator]", acrescentou.
Em meio à cobrança de deputados e senadores por mais controle do Orçamento, o petista defendeu o espaço do Executivo. "Aí é melhor tomar a coragem de fazer o plebiscito do parlamentarismo", disse a jornalistas. "Se é para o Congresso administrar toda a capacidade de investimento do Estado, tem de ser governo do Parlamento, o que não é no caso do presidencialismo. Não estou falando que é para ser ou deixar de ser", disse.
Um dos focos da crise do governo com o União Brasil é o ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Como o Estadão revelou nesta segunda-feira, 5, seu sogro estava despachando no gabinete ministerial, embora não possua nenhum cargo público ou expertise ligada à pasta. Na votação da MP dos Ministérios, Juscelino foi pessoalmente ao plenário da Câmara articular a favor da aprovação do texto, que era de interesse do Planalto. O gesto foi interpretado como um aceno a Lula, que foi aconselhado pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), a manter o ministro na cadeira para favorecer o trânsito do governo no Congresso.
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