Bolsonaro manda mensagem e tenta frustrar votação de reforma tributária no Senado
Brasília
08/11/2023 21h54
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) articulou para tentar sabotar uma votação no Senado, mas falhou. Ele tentou convencer um senador que já foi seu aliado a não aprovar a reforma tributária, tema de interesse do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Trad, você amanhã será decisivo para derrotarmos a reforma tributária", disse o contato "JMB", mesmas iniciais do nome completo de Jair Messias Bolsonaro. JMB falava com o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), cujo partido é da base do governo. A proposta da reforma foi aprovada no Senado em primeiro turno nesta quinta-feira, 8.
Trad, que votou a favor da proposta de emenda à Constituição (PEC) respondeu a mensagem chamando o contato de "presidente", e pediu a compreensão de Bolsonaro pela posição tomada. A votação foi apertada e poderia ter resultado diferente por quatro votos - a casa deu 53 dos 49 votos necessários.
As mensagens de texto foram flagradas pelo Estadão no plenário do Senado, durante a votação da reforma. "Empenhei minha palavra", disse. "Espero que compreenda. Tenho sofrido com o senhor mesmo estando distante. Esse povo não é o nosso povo. Tô triste e com atuação apagada. Não vejo a hora da gente voltar. Abraços e obrigado pela atenção e consideração."
Nas palavras do próprio senador na mensagem, ele condicionou o voto favorável caso a proposta atendesse interesses de seu Estado. Ele também afirmou estar "triste" e "sofrendo" com Bolsonaro, e se disse ansioso pelo retorno do bolsonarismo. "Não vejo a hora da gente voltar", escreveu. Procurado pela reportagem, Trad negou que Bolsonaro o tenha procurado.
Confrontado sobre ter recebido mensagem de um contato que tem as iniciais do nome completo do ex-presidente, Trad disse que foi o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) quem o procurou. Novamente questionado sobre chamar Flávio, um senador, de presidente, Trad negou que tenha falado com Bolsonaro. "Eu me reservo a responder do jeito que eu quero", disse.