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Centrão pressiona PSB a voltar a 'blocão' de Lira com ameaça de retaliação

Maior bancada da Câmara, 'blocão de Lira' tem 176 deputados; sem o PSB, o grupo fica com 162 Imagem: Ton Molina/Estadão Conteúdo

07/02/2024 18h17Atualizada em 07/02/2024 21h34

Descontentes com a decisão do PSB de sair do "blocão" chefiado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), integrantes do centrão agem para tentar trazer a sigla de volta. Há, no cenário, tanto a ameaça de uma retaliação por parte de Lira como a possibilidade de uma solução diplomática, durante o Carnaval.

Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil na Câmara, chamou quase uma centena de deputados para ir às festas em Salvador. Entre eles há um pessebista, que até voará junto com ele nesta quarta-feira, 7.

O deputado federal Pedro Campos (PSB-PE) pegará um avião particular com Elmar de propriedade de uma empresa de táxi aéreo sediada na capital baiana.

Pedro e Elmar se encontraram logo após uma reunião do próprio PSB para definir o futuro do partido na Câmara. Restava a Pedro apenas arrumar as malas antes de partir de Brasília. Os deputados optaram por adiar uma definição para depois do Carnaval.

Quatro possibilidades estão em discussão dentro do PSB: voltar ao "blocão", integrar o outro bloco, composto pelo MDB, PSD, Republicanos e Podemos, aliar-se ao PT ou ficar "num bloco do eu sozinho", como definiu um parlamentar.

Partidos do centrão se arranjaram em dois grandes blocos partidários logo nos primeiros meses de atividade legislativa, em 2023.

A formação dessas grandes bancadas, com mais de uma centena de deputados, garante às siglas que elas superem numericamente o PL e o PT, garantindo vantagem na escolha de cargos na Mesa Diretora, na presidência de comissões e na distribuição de vagas nas comissões.

No ranking estão, em ordem, o "blocão", com 162 deputados; o bloco MDB-PSD-Republicanos-Podemos, com 143 deputados; o PL, com 93 deputados, e a federação PT-PCdoB-PV, com 81 deputados.

Paralelamente, o PT persuade o PSB a acompanhá-lo. Houve uma reunião entre os partidos para discutir o cenário na manhã desta quarta-feira.

Encontraram-se com a presidente petista, Gleisi Hoffmann (PR), Pedro Campos; o presidente do PSB, Carlos Siqueira; o líder da sigla na Câmara, Gervásio Maia (PB), o ex-deputado federal Alessandro Molon (RJ) e a deputada federal Lídice da Matta (BA).

Há discordâncias entre os 14 deputados do partido. Existe uma ala que defende a proximidade com Lira e um retorno ao "blocão" e outro grupo que espera maior proximidade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Quatro deputados não assinaram o requerimento de saída do "blocão", apresentado na segunda-feira: Felipe Carreras (PE), Guilherme Uchoa Junior (PE), Heitor Schuch (RS) e Luciano Ducci (PR).

"O problema é de todo dia. Somos agentes políticos. Isso se contorna com política e diálogo", diz Felipe Carreras (PE), que foi líder do PSB na Câmara em 2023. "É isso que estamos exercitando e vai ficar muito tranquilo."

Carreras é uma das figuras mais próximas de Lira na Câmara e atua para convencer o partido a tomar decisão contrária. Lídice, por outro lado, defende a aliança com o PT.

Pessebista histórica, Lídice faz parte da longeva aliança do partido com o PT na Bahia. Ela esteve presente neste último domingo, 4, no ato de filiação do senador Cid Gomes (CE) ao PSB, em evento que contou com a presença do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

O evento consolidou ambos os partidos como principais potências aliadas no Ceará e é visto como mais um sinal de fortalecimento da relação das siglas.

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