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Após reunião com bispos do Congo,Papa lamenta mortes no país

22/12/2016 16h14

CIDADE DO VATICANO, 22 DEZ (ANSA) - O papa Francisco enviou mais um apelo nesta quarta-feira, dia 21, pela pacificação da República Democrática do Congo um dia após o presidente do país africano, Joseph Kabila, cujo mandato terminou na terça-feira (20), ter se recusado a deixar o poder e ter ordenado uma forte repreensão de manifestações pelas forças de segurança nacionais, que acabaram matando ao menos 34 pessoas em Kinshasa, capital congolesa, e no interior do país, de acordo com a ONG Human Rights Watch (HRW). O partido de oposição do país qualificou na noite de terça que a permanência de Kabila na Presidência consta em um "golpe de Estado". No entanto, o ainda mandatário do Congo afirmou que pretende continuar no cargo até ao menos abril de 2018, afirmando que este é o tempo necessário para se preparar as eleições para o novo presidente.   

Ao saber sobre a crise política e as mortes que resultaram dela, Francisco fez um "chamado doído" no final da sua audiência geral. "À luz de um recente encontro que tive com o presidente e o vice-presidente da Conferência Nacional Episcopal do Congo [Cenco], faço novamente um chamado doído a todos os congoleses para que, neste delicado momento da história, sejam artifícios da reconciliação e da paz", disse o Pontífice. "Aqueles que têm responsabilidade política escutem a voz da própria consciência, saibam ver os cruéis sofrimentos de seus conacionais e tenham no coração o bem comum. Ao assegurar meu apoio e meu afeto ao amado povo deste país, convido a todos que se deixem guiar pela luz do Redentor do mundo e rezo para que o Natal do Senhor abra os caminhos de esperança", afirmou Jorge Mario Bergoglio. No último domingo (18) durante o Angelus, o Papa já havia pedido que o "diálogo se desenvolva com seriedade para evitar qualquer tipo de violência e para o bem do país". Já na segunda-feira (19), Francisco recebeu no Vaticano o presidente da Conferência Nacional Episcopal do Congo, Marcel Utembi Tapa, e o vice-presidente da organização, Fridolin Ambongo Besungu. A Igreja Católica do Congo, da qual ambos os bispos recebidos pelo Pontífice integram, junto a outros representantes de oposição do país, forma uma mesa de diálogos sobre a crise nacional que, no entanto, não conseguiu chegar a nenhum resultado. A crise no Congo não é recente. Desde 2011, o país passa por uma onda de insegurança e insatisfação política com a reeleição do presidente Kabila, em uma votação marcada por fraudes. O mandatário está no poder na nação africana desde 2001, quando assumiu o lugar deixado pelo seu pai, Laurent, que ocupava o cargo desde 1997, quando o ditador Mobutu Sese Seko foi deposto.   

Desde então a violência no país, que nunca teve uma transição de governo pacífica, aumentou e atingiu um de seus ápices na terça passada, quando Kabila se recusou a deixar a Presidência pretendendo ficar no poder até que as eleições, que deveriam ter sido realizadas neste ano, mas que foram adiadas por tempo indeterminado, aconteçam. Segundo líderes da oposição, a estratégia do mandatário é apenas um adiamento do pleito para que Kabila possa mudar a Constituição, que atualmente não permite mais a sua reeleição, para poder continuar no cargo. Protestos e manifestações que aconteceram contra o presidente, que para muitos não deve ser mais reconhecido assim pela população, foram duramente reprimidos pelas forças de segurança, matando ao menos 34 pessoas, ferindo outras dezenas, prendendo quase 200 congoleses e paralisando a capital do país. Itamaraty - Nesta quarta-feira (21), o Ministério das Relações Exteriores do Brasil divulgou uma nota sobre a crise política no Congo, afirmando que o órgão está acompanhando "com preocupação" a situação na nação africana. "O governo brasileiro acolhe com satisfação a retomada, hoje, do diálogo entre governo e oposição mediada ela Conferência Nacional Episcopal do Congo (Cenco) e conclama as partes envolvidas a agirem com moderação e a redobrarem os esforços com vista à obtenção de solução, baseada em diálogo inclusivo, para a realização das próximas eleições presidenciais no país", explicou comunicado. (ANSA)
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