Em Roma, líder da UE admite distância entre política e povo
ROMA, 24 MAR (ANSA) - Em discurso no Palácio Chigi, sede do governo da Itália, em Roma, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, reconheceu nesta sexta-feira (24) que a distância entre as políticas adotadas pelo bloco e as pessoas comuns está aumentando.
Juncker está na capital italiana para as celebrações pelos 60 anos dos Tratados de Roma, que estabeleceram as bases para a criação da União Europeia. O 60º aniversário dos acordos será comemorado neste sábado (25), em evento que reunirá os líderes dos 27 países que ficarão na UE após a saída do Reino Unido.
"Na Europa, não estamos falando das coisas que afetam a vida cotidiana das pessoas, e é por isso que a lacuna entre os fazedores de políticas públicas europeus e as pessoas comuns está aumentando", afirmou o presidente da Comissão Europeia, que tinha a seu lado o primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni.
Por conta do aniversário dos Tratados de Roma, a "cidade eterna" preparou um esquema especial de segurança, principalmente para o sábado, quando serão realizadas diversas manifestações de movimentos eurocéticos.
A ocasião será uma oportunidade para a UE anunciar qual será sua estratégia para o "pós-Brexit" e para evitar que novos rompimentos aconteçam. A expectativa é que a "Declaração de Roma", que deve ser assinada pelos 27 países, se comprometa com a ideia de uma União Europeia com diferentes níveis de integração, ainda que esse modelo seja visto com reservas por nações do leste, como a Polônia.
Em entrevista à rede britânica "BBC", Juncker disse que será "triste" receber a carta do Reino Unido iniciando os procedimentos para a saída do bloco. "É uma tragédia, um fracasso e uma tragédia", acrescentou. Além disso, ao jornal "Financial Times", o presidente da Comissão Europeia pediu para os Estados Unidos não encorajarem outros países a copiarem o "Brexit".
Segundo ele, o desmantelamento da UE poderia levar a uma nova guerra nos Bálcãs, palco de conflitos na década de 1990. Para Juncker, o entusiasmo do presidente dos EUA, Donald Trump, pela saída do Reino Unido foi "irritante" e "surpreendente". "Eu disse ao vice-presidente [Mike Pence]: 'Não diga isso, não estimule outros a saírem porque, se a União Europeia fracassa, haverá uma nova guerra nos Bálcãs Ocidentais", contou.
Os Tratados de Roma foram assinados em 25 de março de 1957, na capital italiana, e representam um marco na história geopolítica do mundo. Um deles constituiu a Comunidade Europeia da Energia Atômica (Euratom), hoje autônoma. O outro formou a Comunidade Econômica Europeia (CEE), que na década de 1990 seria rebatizada como União Europeia.
Os países fundadores da CEE são Itália, França, Alemanha Ocidental, Bélgica, Holanda e Luxemburgo, que buscavam soluções compartilhadas para um continente destroçado por duas guerras mundiais em menos de 50 anos e espremido entre as influências de Estados Unidos e União Soviética.
Inicialmente, a Comunidade Europeia previa uma união aduaneira e uma política agrícola comum, mas ao longo dos anos se tornou o principal bloco político do planeta, com 28 países - em breve 27 por causa da saída do Reino Unido - que se submetem a um poder Executivo e a um Parlamento supranacionais. Além disso, 19 dessas nações adotam uma moeda única, o euro. Em 2012, a UE foi agraciada com o Nobel da Paz.
No entanto, as políticas de austeridade do bloco e suas interferências nos Estados-membros têm dado combustível a um crescente sentimento eurocético nos países, muitos dos quais sofrem com uma longa crise econômica e uma emergência migratória sem precedentes nas últimas sete décadas.
"A Europa se encontra frente a diferentes desafios novos, do Brexit ao renascimento do protecionismo, mas temos uma oportunidade para reagir", disse Gentiloni nesta sexta.
"Reivindicamos um papel global para a Europa", acrescentou o primeiro-ministro da Itália. (ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
Juncker está na capital italiana para as celebrações pelos 60 anos dos Tratados de Roma, que estabeleceram as bases para a criação da União Europeia. O 60º aniversário dos acordos será comemorado neste sábado (25), em evento que reunirá os líderes dos 27 países que ficarão na UE após a saída do Reino Unido.
"Na Europa, não estamos falando das coisas que afetam a vida cotidiana das pessoas, e é por isso que a lacuna entre os fazedores de políticas públicas europeus e as pessoas comuns está aumentando", afirmou o presidente da Comissão Europeia, que tinha a seu lado o primeiro-ministro da Itália, Paolo Gentiloni.
Por conta do aniversário dos Tratados de Roma, a "cidade eterna" preparou um esquema especial de segurança, principalmente para o sábado, quando serão realizadas diversas manifestações de movimentos eurocéticos.
A ocasião será uma oportunidade para a UE anunciar qual será sua estratégia para o "pós-Brexit" e para evitar que novos rompimentos aconteçam. A expectativa é que a "Declaração de Roma", que deve ser assinada pelos 27 países, se comprometa com a ideia de uma União Europeia com diferentes níveis de integração, ainda que esse modelo seja visto com reservas por nações do leste, como a Polônia.
Em entrevista à rede britânica "BBC", Juncker disse que será "triste" receber a carta do Reino Unido iniciando os procedimentos para a saída do bloco. "É uma tragédia, um fracasso e uma tragédia", acrescentou. Além disso, ao jornal "Financial Times", o presidente da Comissão Europeia pediu para os Estados Unidos não encorajarem outros países a copiarem o "Brexit".
Segundo ele, o desmantelamento da UE poderia levar a uma nova guerra nos Bálcãs, palco de conflitos na década de 1990. Para Juncker, o entusiasmo do presidente dos EUA, Donald Trump, pela saída do Reino Unido foi "irritante" e "surpreendente". "Eu disse ao vice-presidente [Mike Pence]: 'Não diga isso, não estimule outros a saírem porque, se a União Europeia fracassa, haverá uma nova guerra nos Bálcãs Ocidentais", contou.
Os Tratados de Roma foram assinados em 25 de março de 1957, na capital italiana, e representam um marco na história geopolítica do mundo. Um deles constituiu a Comunidade Europeia da Energia Atômica (Euratom), hoje autônoma. O outro formou a Comunidade Econômica Europeia (CEE), que na década de 1990 seria rebatizada como União Europeia.
Os países fundadores da CEE são Itália, França, Alemanha Ocidental, Bélgica, Holanda e Luxemburgo, que buscavam soluções compartilhadas para um continente destroçado por duas guerras mundiais em menos de 50 anos e espremido entre as influências de Estados Unidos e União Soviética.
Inicialmente, a Comunidade Europeia previa uma união aduaneira e uma política agrícola comum, mas ao longo dos anos se tornou o principal bloco político do planeta, com 28 países - em breve 27 por causa da saída do Reino Unido - que se submetem a um poder Executivo e a um Parlamento supranacionais. Além disso, 19 dessas nações adotam uma moeda única, o euro. Em 2012, a UE foi agraciada com o Nobel da Paz.
No entanto, as políticas de austeridade do bloco e suas interferências nos Estados-membros têm dado combustível a um crescente sentimento eurocético nos países, muitos dos quais sofrem com uma longa crise econômica e uma emergência migratória sem precedentes nas últimas sete décadas.
"A Europa se encontra frente a diferentes desafios novos, do Brexit ao renascimento do protecionismo, mas temos uma oportunidade para reagir", disse Gentiloni nesta sexta.
"Reivindicamos um papel global para a Europa", acrescentou o primeiro-ministro da Itália. (ANSA)
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