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Austrália acusa clero de maior parte dos casos de pedofilia

28/03/2017 18h38

SYDNEY, 28 MAR (ANSA) - Na Austrália, o abuso sexual institucional de crianças é cometido majoritariamente por homens, principalmente religiosos, e as vítimas costumam ser garotos com idades entre 10 e 14 anos. Essa foi a conclusão da 57ª e última audiência pública de uma comissão real sobre os casos de pedofilia no país, que levou 4 anos para concluir um extenso relatório sobre os abusos sexuais cometidos em crianças e adolescentes na nação desde a década de 1950 e que ouviu mais de 6,5 mil sobreviventes.   

Os dados finais apresentados pela Royal Comission into Institucional Responses to Child Sexual Abuse na última segunda-feira (27) indicaram que a grande maioria dos agressores e pedófilos é homem do clero, cerca de 94%, enquanto mais da metade das vítimas eram meninos entre 10 e 14 anos. Dos casos, foi descoberto que cerca de 5% dos sobreviventes que foram molestados tinham menos de 5 anos quando os abusos começaram. Mesmo que a pedofilia em ambientes domésticos seja cometida principalmente em garotas, em relação a instituições religiosas cerca de dois terços das denúncias feitas partiram de homens, que demoraram uma média de 33 anos para falarem sobre o assunto.   

Além disso, em um terço dos casos examinados, os abusos aconteceram por mais de um ano e 36% das mais de 6,5 mil vítimas que contaram suas histórias para a comissão disseram que foram exploradas sexualmente por mais de uma pessoa na sua infância. "Sobreviventes esperaram demais por uma resposta efetiva para o seu sofrimento e a proteção futura das crianças australianas deve receber a maior prioridade", disse durante a comissão o juiz Peter McClellan, ao afirmar que foram identificadas 4 mil instituições no país responsáveis por abusos de menores de idade, sendo que 1,5 mil delas são religiosas.   

Mais de 2 mil sobreviventes que deram seu testemunho sobre o assunto disseram que sofreram abusos em instituições católicas, outros 550, em espaços anglicanos e mais 250, em organizações geridas pelo Exército da Salvação. Segundo Gail Furness, um dos membros da comissão, 32% dos abusos registrados no país foram realizados por clérigos, 21% por professores e 13% por operadores de centros de assistência residencial. "Para muitos sobreviventes, os impactos de abuso sexual na infância são profundos e interconectados. Eles podem ser sentidos ao mesmo tempo ou consecutivamente em uma cascada de efeitos durante a vida. Algumas pessoas sentem traumas profundos e complexos. Os efeitos afetam os parentes, irmãos, companheiros e filhos das vítimas, assim como a sua carreira", concluiu Furness na audiência. (ANSA)
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