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Itália volta a pressionar UE para discutir crise migratória

29/06/2017 09h46

BERLIM E PARIS, 29 JUN (ANSA) - Em meio a uma nova emergência com a chegada dos imigrantes à Itália, o primeiro-ministro Paolo Gentiloni pediu nesta quinta-feira (29) que a União Europeia rediscuta a gestão da crise migratória ao bloco.   

"A Itália nunca fugiu de seus compromissos para o socorro no mar e o acolhimento humanitário e não pretende fazer isso. Mas, pedimos uma nova discussão sobre os papéis das ONGs, da missão Frontex, dos recursos à disposição para trabalhar na Líbia e em outros países africanos e sobre a possibilidade de aumentar nossos programas", disse Gentiloni após a reunião preparatória para o encontro do G20 em Berlim.   

Gentiloni ainda informou que "utilizou" a reunião desta quinta para reafirmar "aos colegas europeus a extrema preocupação pelo aumento do fluxo migratório dos últimos dias". De fato, desde o fim de semana, os portos italianos vêm recebendo uma quantidade enorme de deslocados, que partem dos portos africanos em busca de uma nova vida na Europa.   

Ontem (28), fontes do governo italiano revelaram que o país pode fechar os portos para navios que não tenham bandeira italiana, como forma de frear a chegada de deslocados.   

Só nesta quinta, são esperados cerca de cinco mil desembarques em Campânia e na Calábria. Fontes extraoficiais informaram que mais de 12 mil pessoas foram resgatadas nos últimos dois dias, através de 22 navios - italianos, europeus ou de ONGs que atuam no Mar Mediterrâneo.   

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, confirmou que o apelo italiano surtiu efeito e informou que o "documento final do G20 terá uma referência concreta à luta contra os traficantes de seres humanos".   

"Pedirei que sejam consideradas sanções em nível europeu contra esses traficantes e de colocá-los na lista negra das Nações Unidas. Mas para isso, precisarei do apio da maior parte dos Estados-membros", acrescentou Tusk.   

Após a reunião em Berlim, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, reafirmou que o bloco ajudará a Itália na gestão da crise.   

"Há muito tempo, como Comissão, nós estamos convictos que não podemos abandonar nem a Itália, nem a Grécia. Juntos devemos fazer mais esforços para apoiar essas duas nações que estão sendo heróicas", disse Juncker.   

As duas nações são consideradas as principais "portas de entrada" dos imigrantes ilegais na Europa. Mas, enquanto a Grécia recebe os deslocados, principalmente, da Síria, Iraque e Afeganistão, a Itália recebe dos países norte-africanos, especialmente, daqueles que partem dos portos da Líbia.   

Por conta de um acordo com o governo da Turquia, os gregos tem recebido cada vez menos imigrantes, mas na Itália a situação é até pior do que a registrada no ano passado. Roma até fechou acordos com governos africanos para tentar frear a crise, mas eles não surtiram o efeito esperado até o momento.   

Mais cedo, o comissário europeu para a Imigração, Dimitris Avramopoulos, voltou a afirmar que a Itália "não será deixada sozinha" para gerir a chegada de imigrantes e reconheceu a "péssima" situação enfrentada pelo governo no momento.   

"Estou em contato permanente com o governo italiano, hoje e amanhã ouviremos mais ainda. A coisa mais importante é que a União Europeia não deixe a Itália sozinha, estamos ao lado da Itália e entendemos perfeitamente a situação em campo. Estou seguro que vamos resolver isso", disse Avramopoulos à ANSA.   

(ANSA)
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