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Cinco motivos para ficar de olho no Festival de Veneza

28/08/2017 08h46

SÃO PAULO,28 AGO (ANSA) - Por Lucas Rizzi - Em busca de retomar seu esplendor, começa nesta quarta-feira (30) a 74ª Mostra Internacional de Arte Cinematográfica de Veneza, um dos festivais mais importantes do mundo e que vai até o dia 9 de setembro.   


Após uma 73ª edição sóbria e discreta por causa do terremoto de 24 de agosto de 2016 no centro da Itália, que fez 299 vítimas, a Biennale aposta na tecnologia e nos temas que atormentam a humanidade, tanto no país quanto no mundo, para voltar a brilhar.   


Veja abaixo cinco destaques do Festival de Veneza em 2017: Filmes norte-americanos - Dos 21 filmes na corrida pelo Leão de Ouro, seis são dos Estados Unidos, com opções para todos os gostos, desde a comédia sci-fi "Downsizing", de Alexander Payne, que abrirá o festival, até um suspense psicológico que se passa em um futuro distópico, caso de "Mother", de Darren Aronofsky.   


Ainda na seara da comédia, "Suburbicon", dirigido pelo astro George Clooney e escrito pelos irmãos Coen, apresenta uma comunidade tranquila que esconde uma realidade perturbadora - o filme é um dos mais aguardados da 74ª Mostra de Veneza.   


Completam a lista de representantes norte-americanos "The Shape of Water", de Guillermo Del Toro, que narra a fábula de amor entre uma empregada muda e um homem anfíbio da Amazônia; "First Reformed", de Paul Schrader, um drama psicológico sobre um ex-capelão devastado pela morte do filho ; e "Ex-libris: The New York Public Library", documentário de Frederick Wiseman sobre a Biblioteca Pública de Nova York.   


Indiferença - Um mundo aterrorizado e que perde cada vez mais sua humanidade, em meio a crises de refugiados e pessoas que crescem sem saber de onde vêm, é um dos temas dominantes na 74ª edição do Festival de Veneza. Um fio condutor que vai desde o concorrente ao Leão de Ouro "Human Flow", do artista dissidente chinês Ai Weiwei - personalidade bastante reconhecida na Itália -, até "This is Congo", de Daniel McCabe, que será exibido fora do concurso.   


Este último aborda a guerra civil na República Democrática do Congo (RDC), um dos conflitos mais longevos do planeta, mas esquecido pela comunidade internacional, embora aconteça em um país 12 vezes maior que a Síria e três vezes mais populoso.   


Terra de minerais utilizados em eletrônicos no mundo todo, a RDC já perdeu cerca de 5 milhões de vidas em uma guerra de duas décadas e tem sua história contada em "This is Congo" por meio de quatro personagens que refletem a resiliência do povo local: um alfaiate que conserta roupas em campos de refugiados, um militar, um minerador e um espião.   


Já "Human Flow" traz o olhar de Weiwei sobre a maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial, que tem como palcos desde nações paupérrimas como Bangladesh e Afeganistão até as ricas Itália e Alemanha.   


Mediterrâneo - O Festival de Veneza volta a contar em seus filmes o complexo mosaico civilizatório do Mediterrâneo, teatro de algumas das maiores crises humanitárias dos dias de hoje.   


Na corrida pelo Leão de Ouro, o diretor libanês Ziad Doueiri, em "L'Insulte", apresenta o palestino Yasser e o cristão libanês Toni. Uma briga banal acaba desencadeando uma violenta discussão que leva os dois protagonistas ao tribunal, em um processo no qual está em jogo a história da convivência em um país multiconfessional como o Líbano.   


Já o tunisiano Abdellatif Kechiche, de "Azul é a Cor Mais Quente", readapta livremente um romance de François Bégaudeau em "Mektoub, My Love: Canto Uno", que aborda o amor adolescente.   


Por fim, "Foxtrot", do israelense Samuel Maoz, descreve a tristeza de dois pais submetidos à dor da perda do filho morto pelas armas.   


Cenário napolitano - Terceira maior cidade da Itália, Nápoles é muitas vezes alvo de preconceito e estigmatizada pela máfia e pela violência urbana, mas vem experimentando um renascimento cinematográfico, impulsionada sobretudo pela série "Gomorra".   


Entre concorrentes ao Leão de Ouro e mostras paralelas, serão pelo menos sete filmes ambientados na capital da Campânia.   


No concurso principal, "Ammore e Malavita", dos irmãos Manetti, apresentara Nápoles por meio de uma comédia musical sobre o amor entre uma enfermeira e o "braço direito" de um camorrista. Fora de concurso, "Il Signor Rotpeter" é inspirado em um conto de Franz Kafka.   


Realidade virtual - Pela primeira vez em sua história, a Mostra de Arte Cinematográfica de Veneza terá um concurso apenas de filmes em realidade virtual, que ocorrerá entre 31 de agosto e 5 de setembro. Serão ao todo 22 produções concorrendo a três prêmios: melhor filme, grande prêmio do júri e melhor criatividade.   


Entre as obras selecionadas, predominam os temas fortes, como mudanças climáticas, o holocausto e a violência de soldados dos Estados Unidos contra prostitutas na Coreia do Sul, país onde Washington mantém importantes bases militares. Uma das produções mais aguardadas é "La Camera Insabbiata", de Laurie Anderson, que faz o espectador "voar" através de uma enorme estrutura de palavras, desenhos e histórias.   


Outro destaque deve ser "Gomorra VR - We Own the Streets", de Enrico Rosati e Marco D'Amore, uma espécie de ponte entre a segunda e a terceira temporadas da aclamada série de TV inspirada no livro "Gomorra", do jornalista Roberto Saviano.   


(ANSA)
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