Conheça o partido que chacoalhou a monótona política alemã
BERLIM, 25 SET (ANSA) - Em um país como a Alemanha, onde as eleições são muitas vezes previsíveis e monótonas, um pequeno partido com apenas quatro anos de vida conseguiu provocar um terremoto político e tirar do centro das atenções a chanceler Angela Merkel, que garantiu seu quarto mandato seguido, mas saiu enfraquecida das urnas.
Fundado em 2013, o movimento de extrema direita e eurocético Alternativa para a Alemanha (AfD) obteve 12,6% dos votos no último domingo (24) e se tornou a terceira maior força política do país, conquistando assentos no Parlamento pela primeira vez em sua curta história.
No pleito federal de quatro anos atrás, o AfD havia chegado perto de entrar para o Bundestag, mas, com 4,7% do eleitorado, acabou barrado por uma cláusula de barreira de 5% imposta pela legislação alemã. Porém a frustração não durou muito.
Em 2014, nas eleições para o Parlamento Europeu, faturou 7,1% da preferência, uma espécie de prévia para o histórico resultado das votações regionais de 2016, quando ficou em segundo lugar no estado de Saxônia-Anhalt (24,2%) e em terceiro em Baden-Württemberg (15,1%).
Essa ascensão foi construída em cima da insatisfação contra a política migratória de Merkel, que abriu as portas da Alemanha para cerca de 1 milhão de solicitantes de refúgio em 2015 e reacendeu os ânimos nacionalistas no país. Mas esse nem sempre foi um tema prioritário para o AfD.
O partido foi criado por professores universitários que criticavam a política monetária do Banco Central Europeu (BCE), comandado pelo italiano Mario Draghi, e os recorrentes resgates à Grécia. No entanto, aos poucos foi se aproximando do movimento "Pegida", que combate a "islamização" da Europa, e adotou a bandeira anti-imigração.
"A maioria dos muçulmanos que reside em nosso país aceitaria a sharia [a lei islâmica], substituindo a legislação alemã", alegou recentemente um dos porta-vozes da sigla, Jörg Meuthen. O AfD é encabeçado por Alexander Gauland, dissidente da CDU, e a economista Alice Weidel, lésbica que vive com uma imigrante do Sri Lanka.
Durante a campanha, Gauland chegou a reivindicar o direito de os alemães sentirem "orgulho" dos soldados que combateram na Segunda Guerra Mundial, mas a legenda, principalmente Weidel, tida como mais moderada, quer se afastar do rótulo de "extrema direita". "Apoiamos as mesmas teses defendidas no passado por Merkel e pela CDU", garante Beatrix von Storch, outra expoente da legenda.
Força no leste - O AfD conquistou cerca de 13% dos votos no país todo, mas esse número sobe para 21% quando considerada apenas a parte correspondente à antiga Alemanha Oriental, principalmente o estado da Saxônia, na fronteira com República Tcheca e Polônia.
O partido prevaleceu sobretudo em áreas mais pobres, onde sua mensagem de ruptura com o passado e a política tradicional, marcada pelos anos de "grande coalizão" entre conservadores e sociais-democratas, ecoou com maior eficácia.
As regiões onde o partido alcançou melhores resultados, como a Saxônia, estão entre as que menos receberam solicitantes de refúgio nos últimos anos, indicando que o motor do AfD vai além da crise migratória. (ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
Fundado em 2013, o movimento de extrema direita e eurocético Alternativa para a Alemanha (AfD) obteve 12,6% dos votos no último domingo (24) e se tornou a terceira maior força política do país, conquistando assentos no Parlamento pela primeira vez em sua curta história.
No pleito federal de quatro anos atrás, o AfD havia chegado perto de entrar para o Bundestag, mas, com 4,7% do eleitorado, acabou barrado por uma cláusula de barreira de 5% imposta pela legislação alemã. Porém a frustração não durou muito.
Em 2014, nas eleições para o Parlamento Europeu, faturou 7,1% da preferência, uma espécie de prévia para o histórico resultado das votações regionais de 2016, quando ficou em segundo lugar no estado de Saxônia-Anhalt (24,2%) e em terceiro em Baden-Württemberg (15,1%).
Essa ascensão foi construída em cima da insatisfação contra a política migratória de Merkel, que abriu as portas da Alemanha para cerca de 1 milhão de solicitantes de refúgio em 2015 e reacendeu os ânimos nacionalistas no país. Mas esse nem sempre foi um tema prioritário para o AfD.
O partido foi criado por professores universitários que criticavam a política monetária do Banco Central Europeu (BCE), comandado pelo italiano Mario Draghi, e os recorrentes resgates à Grécia. No entanto, aos poucos foi se aproximando do movimento "Pegida", que combate a "islamização" da Europa, e adotou a bandeira anti-imigração.
"A maioria dos muçulmanos que reside em nosso país aceitaria a sharia [a lei islâmica], substituindo a legislação alemã", alegou recentemente um dos porta-vozes da sigla, Jörg Meuthen. O AfD é encabeçado por Alexander Gauland, dissidente da CDU, e a economista Alice Weidel, lésbica que vive com uma imigrante do Sri Lanka.
Durante a campanha, Gauland chegou a reivindicar o direito de os alemães sentirem "orgulho" dos soldados que combateram na Segunda Guerra Mundial, mas a legenda, principalmente Weidel, tida como mais moderada, quer se afastar do rótulo de "extrema direita". "Apoiamos as mesmas teses defendidas no passado por Merkel e pela CDU", garante Beatrix von Storch, outra expoente da legenda.
Força no leste - O AfD conquistou cerca de 13% dos votos no país todo, mas esse número sobe para 21% quando considerada apenas a parte correspondente à antiga Alemanha Oriental, principalmente o estado da Saxônia, na fronteira com República Tcheca e Polônia.
O partido prevaleceu sobretudo em áreas mais pobres, onde sua mensagem de ruptura com o passado e a política tradicional, marcada pelos anos de "grande coalizão" entre conservadores e sociais-democratas, ecoou com maior eficácia.
As regiões onde o partido alcançou melhores resultados, como a Saxônia, estão entre as que menos receberam solicitantes de refúgio nos últimos anos, indicando que o motor do AfD vai além da crise migratória. (ANSA)
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