Mulheres se recusam a descer de navio na Itália sem parentes
ROMA, 25 AGO (ANSA) - O Escritório de Saúde Marítima de Catânia, no sul da Itália, ordenou neste sábado (25) o desembarque "imediato" de 11 mulheres e seis homens a bordo do navio Diciotti, que está ancorado na cidade com 150 migrantes há quase cinco dias. No entanto, cinco mulheres preferiram não descer para ficar com seus parentes na embarcação. O escritório é ligado ao Ministério da Saúde e se ocupa dos controles sanitários em passageiros e mercadorias que transitam pelos portos do país, mas o desembarque também teve o aval do Ministério do Interior, chefiado pelo líder ultranacionalista Matteo Salvini.
As seis mulheres que desceram do Diciotti e as cinco que ficaram a bordo foram estupradas em centros controlados por traficantes de seres humanos na Líbia. Por sua vez, cinco homens estão com sarna, além de doenças respiratórias como pneumonia e tuberculose, e o sexto sofre de infecção urinária. Todos foram levados ao Hospital Garibaldi, em Catânia.
O Diciotti, navio da Guarda Costeira da Itália, chegou à Sicília na noite da última segunda-feira (20), quatro dias depois de ter resgatado 177 migrantes em um barco clandestino na costa de Lampedusa, ilha italiana situada no Mediterrâneo Central.
Dois dias mais tarde, Salvini, responsável pelas políticas migratórias e de segurança do país, autorizou o desembarque de 27 menores de idade desacompanhados, mas disse que só liberaria o restante do grupo se houvesse acordo na União Europeia para redistribui-lo.
A pressão não deu resultado e, na última sexta-feira (24), negociadores dos Estados-membros fracassaram em chegar a um acordo durante uma reunião em Bruxelas. O argumento é de que o número per capita de deslocados internacionais na Itália ainda está abaixo do registrado em outros países do bloco.
Desde então, o destino dos migrantes que permanecem no Diciotti é incerto, embora a Albânia, que não faz parte da UE, tenha se comprometido a receber 20 deles, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Itália. "Um sinal de grande solidariedade e amizade muito apreciado pela Itália", disse a Farnesina no Twitter.
Dos 150 adultos, incluindo os 17 que tiveram autorização para descer por motivos de saúde, 130 são provenientes da Eritreia, país notório pelas violações dos direitos humanos e por impor serviço militar obrigatório à sua população masculina.
Outros 10 são de Comoros; seis, de Bangladesh; dois, da Síria; um é da Somália; e um, do Egito. Para Salvini, todos eles são "imigrantes ilegais". O caso do navio Diciotti é alvo de um inquérito do Ministério Público de Agrigento por "sequestro de pessoas".
Papa - Durante sua visita à Irlanda, o papa Francisco afirmou que a crise migratória é o "desafio que mais provoca nossas consciências nos dias de hoje". "Sua solução exige sabedoria, amplitude de visões e uma preocupação humanitária que vá além das decisões políticas de curto prazo", disse, em um encontro com autoridades no Castelo de Dublin.
Jorge Bergoglio também alertou para a persistência do "ódio racial e étnico" e do "desprezo pela dignidade humana e pelos direitos fundamentais". "Temos necessidade de recuperar, em cada âmbito da vida política e social, o sentido de sermos uma verdadeira família de povos", acrescentou. (ANSA)Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
As seis mulheres que desceram do Diciotti e as cinco que ficaram a bordo foram estupradas em centros controlados por traficantes de seres humanos na Líbia. Por sua vez, cinco homens estão com sarna, além de doenças respiratórias como pneumonia e tuberculose, e o sexto sofre de infecção urinária. Todos foram levados ao Hospital Garibaldi, em Catânia.
O Diciotti, navio da Guarda Costeira da Itália, chegou à Sicília na noite da última segunda-feira (20), quatro dias depois de ter resgatado 177 migrantes em um barco clandestino na costa de Lampedusa, ilha italiana situada no Mediterrâneo Central.
Dois dias mais tarde, Salvini, responsável pelas políticas migratórias e de segurança do país, autorizou o desembarque de 27 menores de idade desacompanhados, mas disse que só liberaria o restante do grupo se houvesse acordo na União Europeia para redistribui-lo.
A pressão não deu resultado e, na última sexta-feira (24), negociadores dos Estados-membros fracassaram em chegar a um acordo durante uma reunião em Bruxelas. O argumento é de que o número per capita de deslocados internacionais na Itália ainda está abaixo do registrado em outros países do bloco.
Desde então, o destino dos migrantes que permanecem no Diciotti é incerto, embora a Albânia, que não faz parte da UE, tenha se comprometido a receber 20 deles, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Itália. "Um sinal de grande solidariedade e amizade muito apreciado pela Itália", disse a Farnesina no Twitter.
Dos 150 adultos, incluindo os 17 que tiveram autorização para descer por motivos de saúde, 130 são provenientes da Eritreia, país notório pelas violações dos direitos humanos e por impor serviço militar obrigatório à sua população masculina.
Outros 10 são de Comoros; seis, de Bangladesh; dois, da Síria; um é da Somália; e um, do Egito. Para Salvini, todos eles são "imigrantes ilegais". O caso do navio Diciotti é alvo de um inquérito do Ministério Público de Agrigento por "sequestro de pessoas".
Papa - Durante sua visita à Irlanda, o papa Francisco afirmou que a crise migratória é o "desafio que mais provoca nossas consciências nos dias de hoje". "Sua solução exige sabedoria, amplitude de visões e uma preocupação humanitária que vá além das decisões políticas de curto prazo", disse, em um encontro com autoridades no Castelo de Dublin.
Jorge Bergoglio também alertou para a persistência do "ódio racial e étnico" e do "desprezo pela dignidade humana e pelos direitos fundamentais". "Temos necessidade de recuperar, em cada âmbito da vida política e social, o sentido de sermos uma verdadeira família de povos", acrescentou. (ANSA)
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