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Eleição de Bolsonaro é destaque na imprensa mundial

29/10/2018 11h00

SÃO PAULO, 29 OUT (ANSA) - A eleição de Jair Bolsonaro à Presidência do Brasil foi uma das notícias de maior destaque em jornais do mundo todo nesta segunda-feira (29). A maioria das publicações, porém, continua lançando alertas e dúvidas sobre como será o governo do ex-militar, que defende políticas de extrema-direita. O jornal "The New Times" descreveu a relação de Bolsonaro com a bancada religiosa e seus comentários contra mulheres, homossexuais e negros, assim como suas exaltações aos militares e à ditadura no Brasil (1964-1985).   

"Longe de desqualifica-lo, seu discurso incendiário ao longo dos anos e durante sua campanha eleitoral atraiu milhões de brasileiros. Muitos veem sua postura disruptiva e de quebra do status quo como a mesma que impulsionou a vitória de Donald Trump em 2016", escreveu o NYT. Já o jornal espanhol "El País" disse que, com a eleição de Bolsonaro, "encerra-se uma campanha marcada pela tensão, pela desinformação nas redes sociais e, sobretudo, pelas atitudes antidemocráticas" do candidato do PSL. "Suas amaças e retóricas levam o maior país da América Latina à incerteza e reforçam o auge da extrema-direita em todo o Ocidente".   

O britânico "The Guardian" começou o texto da notícia da eleição de Bolsonaro definindo-o como "um extremista de direita, pro-armas, pro-tortura e populista", enquanto o "The Economist" continua chamando Bolsonaro de uma "horrível escolha" e condutor de "instintos autoritários". "Jair Bolsonaro, militar da reserva, às vezes rude, racista e homofóbico, encarna o candidato do antissistema. Ele tem sido chamado de 'Trump dos trópicos'", publicou, por sua vez, o diário francês "Le Monde". "Em seu discurso de vitória, ele prometeu defender a Constituição, a democracia e a liberdade", destacou. Na Itália, os jornais deram destaque ao fato do vice-premier e ministro do Interior, Matteo Salvini, ter demonstrado alinhamento com Bolsonaro e anunciado que solicitará novamente a extradição de Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua no país europeu. No entanto, a extradição já foi concedida e só aguarda um posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre se um novo presidente pode derrubar uma decisão tomada por outro presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. "O Brasil muda. Muda radicalmente. Depois de 13 anos de governo de esquerda, chega o governo de direita. Lula foi esquecido, fechado na prisão. Com ele, o odiado Partido dos Trabalhadores, que todos consideram responsável pelo desastre econômico e social no qual o país se afundou", escreveu o jornal "La Repubblica". Na América do Sul, o argentino "Clarín" destacou que o Mercosul não deve ser mais prioridade na política externa brasileira. O jornal citou o futuro ministro da Fazenda e da Economia, Paulo Guedes, que chegou a anunciar que o bloco tinha virado um grupo "ideológico". (ANSA)
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