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Ex-presidente da Bolívia Jeanine Áñez é denunciada por genocídio

Jeanine Áñez já está em prisão preventiva desde março - Aizar Raldes/AFP
Jeanine Áñez já está em prisão preventiva desde março Imagem: Aizar Raldes/AFP

20/08/2021 14h44

O procurador-geral da Bolívia, Juan Lanchipa, apresentou ao TSJ (Tribunal Supremo de Justiça) nesta sexta-feira (20) uma denúncia de genocídio contra a ex-presidente interina Jeanine Áñez, que já está em prisão preventiva desde março.

Em coletiva de imprensa em Sucre, Lanchipa disse que a acusação se refere à morte de 20 manifestantes na repressão a protestos pró-Evo Morales pelas forças de segurança em Sacaba e Senkata, entre 15 e 19 de novembro de 2019.

Áñez também é acusado de lesões leves e graves e lesões seguidas de morte. Recentemente, um grupo interdisciplinar de especialistas independentes confirmou a ocorrência de "graves violações dos direitos humanos" no fim de 2019, especialmente execuções extrajudiciais em Sacaba e Senkata durante o governo Áñez.

Naquela época, estava em vigor um decreto da então presidente que exonerava militares de responsabilidade penal nas operações para "restabelecer a ordem" na Bolívia. De acordo com esse grupo, os manifestantes baleados em Sacaba e Senkata foram vítimas de "uso desproporcional de força".

Se o TSJ aceitar a denúncia, o caso será encaminhado ao Parlamento, a quem cabe decidir sobre a abertura ou não do processo contra a ex-presidente. O MAS (Movimento ao Socialismo), partido de Evo, votará a favor, mas precisará do apoio de outras legendas para alcançar os dois terços necessários para levar Áñez a julgamento.

Ela ainda corre o risco de parar no banco dos réus em outro inquérito, este que apura sua suposta cumplicidade em um "golpe de Estado" contra Evo.

O ex-presidente tentava obter seu quarto mandato nas eleições de 2019 e chegou a ser declarado vencedor, mas a oposição não reconheceu o resultado, assim como a OEA (Organização dos Estados Americanos), que apontou fraudes na votação - mais tarde, um estudo feito por universidades dos EUA constatou uma série de falhas técnicas no relatório da entidade.

Pressionado por protestos e por motins de policiais e militares, Evo acabou renunciando ao cargo, assim como todos aqueles que estavam na linha sucessória, até chegar em Áñez, então segunda vice-presidente do Senado.

Ela se autoproclamou presidente interina da Bolívia em novembro de 2019, em uma sessão parlamentar boicotada pelo MAS, partido de Evo, e governou por um ano. Áñez se diz alvo de perseguição política por parte do governo do presidente Luis Arce, aliado de Evo.