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Dostoiévski vira 'alvo' na Itália por invasão russa na Ucrânia
ROMA, 2 MAR (ANSA) - Morto há 141 anos, o escritor Fiódor Dostoiévski (1821-1881) virou alvo na Itália por causa da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Em meio à escalada do conflito, uma importante universidade de Milão cancelou um curso sobre um dos principais nomes da literatura russa - e depois voltou atrás -, enquanto um teatro de Gênova desmarcou um festival dedicado ao autor de "Crime e Castigo".
A polêmica foi deflagrada após o especialista em literatura russa Paolo Nori publicar em seu perfil no Instagram uma comovida mensagem anunciando o cancelamento de um curso sobre Dostoiévski na Universidade de Milão-Bicocca.
"O que está acontecendo na Ucrânia é horrível e sinto vontade de chorar só de pensar. Mas o que está ocorrendo na Itália hoje é ridículo. Censurar um curso é ridículo", disse Nori. "Não apenas ser um russo vivo é motivo de culpa na Itália, mas também ser um russo morto", acrescentou.
A medida provocou críticas unânimes contra a universidade, que depois recuou e confirmou a realização do curso. "Agora eu não sei se vou, preciso pensar. Não sei se quero ir a uma universidade que pensou que Dostoiévski fosse algo que gera tensão", afirmou Nori à ANSA.
Festival anulado - Além disso, o Teatro Govi, de Gênova, cancelou um festival de música e literatura russa que estava programado para os próximos dias e homenagearia Dostoiévski pelos 200 anos de seu nascimento.
No entanto, a instituição cultural alega que a decisão se deve ao fato de o Consulado da Rússia em Gênova patrocinar o evento.
"Sentimo-nos no dever de renunciar [ao evento] para marcar nossa posição. O Teatro Govi é um lugar de cultura, paz e esperança e que não quer se abrir a quem prefere as bombas às palavras", diz um comunicado oficial.
"Estamos cientes de que ser de nacionalidade russa não significa ser automaticamente belicista, mas, neste terrível clima mundial, preferimos tomar uma posição clara, na esperança de que a paz retorne o quanto antes", acrescenta a associação responsável pelo teatro.
Já o prefeito de Florença, Dario Nardella, disse ter recebido pedidos para derrubar uma estátua de Dostoiévski na cidade.
"Essa é a guerra louca de um ditador e seu governo, não de um povo contra outro. Ao invés de apagar séculos de cultura russa, pensemos em como parar Putin rapidamente", declarou.
A escultura foi doada pela Embaixada da Rússia em Roma em dezembro passado, por ocasião dos 200 anos do nascimento do escritor.
"O problema não são os encontros sobre Dostoiévski, mas sim a russofobia. Parece que chegamos a um nível de histeria contra cidadãos russos que não têm nenhuma culpa de ter nascido na Rússia", reforçou Nori à ANSA. (ANSA).
Veja mais notícias, fotos e vídeos em www.ansabrasil.com.br.
Em meio à escalada do conflito, uma importante universidade de Milão cancelou um curso sobre um dos principais nomes da literatura russa - e depois voltou atrás -, enquanto um teatro de Gênova desmarcou um festival dedicado ao autor de "Crime e Castigo".
A polêmica foi deflagrada após o especialista em literatura russa Paolo Nori publicar em seu perfil no Instagram uma comovida mensagem anunciando o cancelamento de um curso sobre Dostoiévski na Universidade de Milão-Bicocca.
"O que está acontecendo na Ucrânia é horrível e sinto vontade de chorar só de pensar. Mas o que está ocorrendo na Itália hoje é ridículo. Censurar um curso é ridículo", disse Nori. "Não apenas ser um russo vivo é motivo de culpa na Itália, mas também ser um russo morto", acrescentou.
A medida provocou críticas unânimes contra a universidade, que depois recuou e confirmou a realização do curso. "Agora eu não sei se vou, preciso pensar. Não sei se quero ir a uma universidade que pensou que Dostoiévski fosse algo que gera tensão", afirmou Nori à ANSA.
Festival anulado - Além disso, o Teatro Govi, de Gênova, cancelou um festival de música e literatura russa que estava programado para os próximos dias e homenagearia Dostoiévski pelos 200 anos de seu nascimento.
No entanto, a instituição cultural alega que a decisão se deve ao fato de o Consulado da Rússia em Gênova patrocinar o evento.
"Sentimo-nos no dever de renunciar [ao evento] para marcar nossa posição. O Teatro Govi é um lugar de cultura, paz e esperança e que não quer se abrir a quem prefere as bombas às palavras", diz um comunicado oficial.
"Estamos cientes de que ser de nacionalidade russa não significa ser automaticamente belicista, mas, neste terrível clima mundial, preferimos tomar uma posição clara, na esperança de que a paz retorne o quanto antes", acrescenta a associação responsável pelo teatro.
Já o prefeito de Florença, Dario Nardella, disse ter recebido pedidos para derrubar uma estátua de Dostoiévski na cidade.
"Essa é a guerra louca de um ditador e seu governo, não de um povo contra outro. Ao invés de apagar séculos de cultura russa, pensemos em como parar Putin rapidamente", declarou.
A escultura foi doada pela Embaixada da Rússia em Roma em dezembro passado, por ocasião dos 200 anos do nascimento do escritor.
"O problema não são os encontros sobre Dostoiévski, mas sim a russofobia. Parece que chegamos a um nível de histeria contra cidadãos russos que não têm nenhuma culpa de ter nascido na Rússia", reforçou Nori à ANSA. (ANSA).
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