Pessoas de fé rejeitam guerra e corrida por armas, diz Papa
AWALI, 4 NOV (ANSA) - O papa Francisco participou de um fórum civil e inter-religioso nesta sexta-feira (4) em Awali, no Bahrein, e fez um apelo para que os líderes das diversas crenças no mundo rejeitem qualquer tipo de guerra e a busca por armamentos.
"Quem é religioso diz não com força à blasfêmia da guerra e ao uso da violência. E traduz com coerência, na prática, o tal 'não'. Porque não basta dizer que uma religião é pacífica. É preciso condenar e isolar os violentos que abusam de seu nome. E não é nem suficiente tomar distância da intolerância e do extremismo porque é preciso agir no sentido contrário", disse o líder católico.
Segundo Francisco, é necessário condenar o terrorismo e fazer oposição "à corrida do rearmamento, aos assuntos da guerra, ao mercado da morte". Ainda voltou a apelar pelo fim da guerra na Ucrânia e pelas "tratativas de paz".
O Fórum pelo Diálogo nesta sexta-feira, o primeiro da agenda do chefe da Igreja Católica no país hoje, tinha como tema a "Coexistência Humana entre Ocidente e Oriente" e, ao abordar esse ponto específico, Jorge Mario Bergoglio ressaltou que o mundo está vivendo como em uma "balança".
"Oriente e Ocidente estão parecendo cada vez mais estarem em dois mares opostos. Nós, porém, estamos aqui porque tentamos navegar no mesmo mar, escolhendo a rota do encontro, o caminho do diálogo. Depois de duas tremendas guerras mundiais, depois de uma guerra fria que por décadas manteve o mundo com a respiração tensa, entre tantos desastrosos conflitos, ainda estamos nessa situação de balança, à beira de um equilíbrio frágil e não queremos nos afundar", acrescentou.
Além das guerras, o pontífice falou das atuais injustiças e problemas graves que afetam o mundo e da falta de ação para ajudar a maior parte da população do globo.
"Um paradoxo nos atinge: enquanto a maior parte da população mundial se encontra unida pelas mesmas dificuldades, afetada por graves crises alimentares, ecológicas e pandêmicas, há uma injustiça planetária cada vez mais escandalosa que é a de poucos potentes que se concentram em uma luta por seus interesses próprios, retomando linguagens obsoletas, redesenhando zonas de influência e blocos contrapostos", disse referindo-se, especialmente, aos que fazem guerras.
Para o Papa, esse é um "cenário dramaticamente infantil: no jardim da humanidade, ao invés de nos curarmos juntos, se joga com o fogo, com mísseis e bombas, com armas que provocam choro e mortes, cobrindo casas comuns de cinzas e ódio".
"Essas são as amargas consequências, se continuar a se acentuar as oposições sem redescobrir a compreensão, se persistir a imposição resoluta dos próprios modelos e das próprias visões despóticas, imperialistas, nacionalistas e populistas, se não se interessar pela cultura do outro, se não se ouvir o grito das pessoas comuns e das vozes dos pobres, se não se parar de dividir, de maneira maniqueísta, o que é bom e o que é ruim, se não houver esforços para entender e colaborar para o bem de todos. Essas escolhas estão na nossa frente e, no mundo globalizado, só se vai para frente remando juntos. Se navegarmos sozinhos, estaremos à deriva", afirmou aos presentes.
Em sua longa fala, o chefe da Igreja Católica ainda pediu que os direitos das mulheres sejam reconhecidos e respeitados em plenitude. Sem citar diretamente, a fala aparenta ter sido um recado ao Irã e à Arábia Saudita, países que fazem fronteira com o Bahrein e que são conhecidos pela repressão às liberdades das mulheres.
"É preciso o reconhecimento da mulher em âmbito público: na educação, no trabalho, no exercício dos próprios direitos sociais e políticos. Nisso, e como nos outros âmbitos, a educação é o caminho para emancipação de heranças históricas e sociais contrárias ao espírito de solidariedade fraterna que deve caracterizar quem adora Deus e ama o próximo", ressaltou.
Além de participar do Fórum pelo Diálogo, o papa Francisco ainda terá um encontro privado com o grande imã de Al-Azhar, Ahmed al-Tayyeb, uma reunião com os membros do Muslim Council of Elders e uma celebração ecumênica e oração pela paz na Catedral Nossa Senhora da Arábia. (ANSA).
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"Quem é religioso diz não com força à blasfêmia da guerra e ao uso da violência. E traduz com coerência, na prática, o tal 'não'. Porque não basta dizer que uma religião é pacífica. É preciso condenar e isolar os violentos que abusam de seu nome. E não é nem suficiente tomar distância da intolerância e do extremismo porque é preciso agir no sentido contrário", disse o líder católico.
Segundo Francisco, é necessário condenar o terrorismo e fazer oposição "à corrida do rearmamento, aos assuntos da guerra, ao mercado da morte". Ainda voltou a apelar pelo fim da guerra na Ucrânia e pelas "tratativas de paz".
O Fórum pelo Diálogo nesta sexta-feira, o primeiro da agenda do chefe da Igreja Católica no país hoje, tinha como tema a "Coexistência Humana entre Ocidente e Oriente" e, ao abordar esse ponto específico, Jorge Mario Bergoglio ressaltou que o mundo está vivendo como em uma "balança".
"Oriente e Ocidente estão parecendo cada vez mais estarem em dois mares opostos. Nós, porém, estamos aqui porque tentamos navegar no mesmo mar, escolhendo a rota do encontro, o caminho do diálogo. Depois de duas tremendas guerras mundiais, depois de uma guerra fria que por décadas manteve o mundo com a respiração tensa, entre tantos desastrosos conflitos, ainda estamos nessa situação de balança, à beira de um equilíbrio frágil e não queremos nos afundar", acrescentou.
Além das guerras, o pontífice falou das atuais injustiças e problemas graves que afetam o mundo e da falta de ação para ajudar a maior parte da população do globo.
"Um paradoxo nos atinge: enquanto a maior parte da população mundial se encontra unida pelas mesmas dificuldades, afetada por graves crises alimentares, ecológicas e pandêmicas, há uma injustiça planetária cada vez mais escandalosa que é a de poucos potentes que se concentram em uma luta por seus interesses próprios, retomando linguagens obsoletas, redesenhando zonas de influência e blocos contrapostos", disse referindo-se, especialmente, aos que fazem guerras.
Para o Papa, esse é um "cenário dramaticamente infantil: no jardim da humanidade, ao invés de nos curarmos juntos, se joga com o fogo, com mísseis e bombas, com armas que provocam choro e mortes, cobrindo casas comuns de cinzas e ódio".
"Essas são as amargas consequências, se continuar a se acentuar as oposições sem redescobrir a compreensão, se persistir a imposição resoluta dos próprios modelos e das próprias visões despóticas, imperialistas, nacionalistas e populistas, se não se interessar pela cultura do outro, se não se ouvir o grito das pessoas comuns e das vozes dos pobres, se não se parar de dividir, de maneira maniqueísta, o que é bom e o que é ruim, se não houver esforços para entender e colaborar para o bem de todos. Essas escolhas estão na nossa frente e, no mundo globalizado, só se vai para frente remando juntos. Se navegarmos sozinhos, estaremos à deriva", afirmou aos presentes.
Em sua longa fala, o chefe da Igreja Católica ainda pediu que os direitos das mulheres sejam reconhecidos e respeitados em plenitude. Sem citar diretamente, a fala aparenta ter sido um recado ao Irã e à Arábia Saudita, países que fazem fronteira com o Bahrein e que são conhecidos pela repressão às liberdades das mulheres.
"É preciso o reconhecimento da mulher em âmbito público: na educação, no trabalho, no exercício dos próprios direitos sociais e políticos. Nisso, e como nos outros âmbitos, a educação é o caminho para emancipação de heranças históricas e sociais contrárias ao espírito de solidariedade fraterna que deve caracterizar quem adora Deus e ama o próximo", ressaltou.
Além de participar do Fórum pelo Diálogo, o papa Francisco ainda terá um encontro privado com o grande imã de Al-Azhar, Ahmed al-Tayyeb, uma reunião com os membros do Muslim Council of Elders e uma celebração ecumênica e oração pela paz na Catedral Nossa Senhora da Arábia. (ANSA).
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