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Lula foi condenado 'sem prova' e Dilma tem 'mãos limpas', diz papa

Lula e Papa Francisco, em dezembro de 2022 - arquivo/Ricardo Stuckert
Lula e Papa Francisco, em dezembro de 2022 Imagem: arquivo/Ricardo Stuckert

Em São Paulo

31/03/2023 19h11Atualizada em 01/04/2023 04h57

Em uma entrevista à TV argentina concedida antes de sua internação, o papa Francisco afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado pela justiça brasileira sem provas e garantiu que a ex-mandatária Dilma Rousseff (2011-2016) foi alvo de um impeachment injusto, pois "tem mãos limpas".

Durante a conversa, o jornalista Gustavo Sylvestre, do canal C5N, questionou Francisco sobre o chamado "lawfare", o uso da Justiça para perseguir adversários políticos, e citou que teria ocorrido esse tipo de perseguição contra o petista e outros ex-presidentes de esquerda, como o boliviano Evo Morales, a argentina Cristina Kirchner e o equatoriano Rafael Correa.

"O lawfare abre caminho nos meios de comunicação. Deve-se impedir que determinada pessoa chegue a um cargo. Então, o pessoal os desqualifica e metem ali a suspeita de um crime. Então, faz-se todo um sumário, um sumário enorme, onde não se encontra [a prova do delito], mas para condenar basta o tamanho desse sumário. 'Onde está o crime aqui?' 'Mas, sim, parece que sim...' Assim condenaram Lula", respondeu o líder da Igreja Católica.

Na sequência, o religioso falou sobre o Brasil e acrescentou: "O que aconteceu com Dilma Rousseff?". O jornalista, por sua vez, disse que a ex-mandatária foi destituída em 2016 devido a "um ato administrativo menor". O Papa então rebateu que Dilma é "uma mulher de mãos limpas, uma mulher excelente".

Logo depois, o Santo Padre citou o conceito jurídico de "Fumus Delicti" - comprovação da existência de um crime e indícios suficientes de autoria - e ressaltou que "às vezes a fumaça do crime te leva ao fogo do crime, outras vezes é uma fumaça que se perde porque não tem fundamento".

Por fim, o jornalista indagou que "inocentes são condenados", enquanto que Jorge Bergoglio voltou a afirmar que "no Brasil, isso aconteceu nos dois casos", tanto envolvendo Lula, quanto a Dilma. Para ele, "os políticos têm a missão de desmascarar uma justiça que não é justa".