'Fracasso do amor': o que a Igreja Católica pensa da eutanásia?

O papa Francisco disse nesta quarta-feira (22) que a eutanásia "é um fracasso do amor" e "nunca é fonte de esperança ou preocupação genuína" com quem sofre, apontando os cuidados paliativos para as pessoas doentes e em fase terminal.

Em mensagem enviada ao primeiro simpósio internacional inter-religioso sobre cuidados paliativos, que acontece na cidade canadense de Toronto, o Pontífice expressou sua preocupação com a necessidade de "ajudar os doentes e moribundos a perceber que não estão isolados ou sozinhos, que a sua vida não é um peso".

"Os verdadeiros cuidados paliativos são radicalmente diferentes da eutanásia, que nunca é uma fonte de esperança nem uma preocupação genuína pelos doentes e moribundos. Pelo contrário, é um fracasso do amor, um reflexo de uma 'cultura do descartável' em que as pessoas já não são consideradas um valor fundamental a ser cuidado e respeitado", garantiu.

Segundo Francisco, "a eutanásia é muitas vezes falsamente apresentada como uma forma de compaixão", mas a atitude de "compaixão", que significa "sofrer com", não envolve "uma ação intencional para acabar com uma vida".

"Os cuidados paliativos, no entanto, são uma forma genuína de compaixão porque respondem ao sofrimento - seja físico, emocional, psicológico ou espiritual - afirmando a dignidade fundamental e inviolável de cada pessoa, especialmente dos que estão morrendo, e ajudando-os a aceitar o momento inevitável de passagem desta vida para a vida eterna", ressaltou.

Na mensagem, o argentino diz que hoje "é muito fácil ceder à tristeza e até mesmo ao desespero", por causa dos "efeitos trágicos da guerra, da violência e da injustiça de vários tipos", e indicou aos participantes, que como membros da família humana, e "sobretudo como crentes", são chamados a "acompanhar, com amor e compaixão, as pessoas que lutam e se esforçam para encontrar motivos de esperança".

Para o líder da Igreja Católica, "é a esperança que nos dá forças para enfrentar as questões que os desafios, as dificuldades e as preocupações da vida nos colocam" e "isto é ainda mais verdadeiro quando se enfrenta doenças graves ou no final da vida".

"Todos aqueles que experimentaram a incerteza que muitas vezes advém da doença e da morte precisam do testemunho de esperança dado por aqueles que levam, cuidam deles e ficam ao seu lado", garantiu.

Neste sentido, Jorge Bergoglio enfatiza que "os cuidados paliativos, embora procurem aliviar ao máximo o peso do sofrimento, são antes de tudo um sinal concreto de proximidade e de solidariedade com os nossos irmãos e irmãs que sofrem".

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"Ao mesmo tempo, este tipo de preocupação ajuda os pacientes e os seus entes queridos a aceitar a vulnerabilidade, a fragilidade e a finitude que caracterizam a vida humana neste mundo", concluiu o Pontífice.

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