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Papa argentino "vai nos entender melhor", diz jovem brasileira

13/03/2013 22h35

O período de cerca de uma hora transcorrido entre o aparecimento da fumaça branca na chaminé da Capela Sistina, no Vaticano, e o anúncio do nome do novo papa, Francisco, foi de ansiedade e nervosismo para os voluntários e funcionários que trabalham na organização da Jornada Mundial da Juventude, evento marcado para o dia 23 de julho, no Rio, com participação confirmada do pontífice.

As últimas notícias da Praça São Pedro eram transmitidas por um telão em um prédio do bairro da Glória, na zona sul do Rio de Janeiro, que monopolizava a atenção das cerca de 120 pessoas que estavam no local. Qualquer comentário ou brincadeira feita em volume mais alto eram prontamente repreendidos pelo grupo mais próximo à TV.

No momento em que foi anunciado que o próximo pontífice era um argentino, um breve período de silêncio dominou a sala. Um voluntário espanhol guardou a bandeira do país que havia tirado da gaveta e um mexicano logo foi buscar mais informações na Wikipedia. Pelos cantos, já era possível ouvir uma ou outra piada por parte de alguns brasileiros.

Mas bastou o cardeal Jorge Mario Bergoglio aparecer na varanda central da Basílica de São Pedro para que todos se levantassem para comemorar, entre aplausos e gritos de "Viva o Papa!" e "Francesco!", imitando a versão italiana do nome do novo pontífice.

Interação

"É incrível, é a primeira vez que vamos ter a Jornada Mundial da Juventude em nosso país e vamos receber um papa de (um país) tão próximo", disse a carioca Verônica Freire, 18, que trabalha como voluntária na organização do evento.

Para ela, o fato de o papa ser um argentino e falar espanhol pode facilitar a interação entre o novo pontífice e os jovens brasileiros que participarão da jornada. "(Há) esse carinho de saber que nós vamos entendê-lo melhor e que ele vai entender melhor a gente", disse. "Nós com certeza já amamos o papa Francisco".

Perto de Verônica, o mexicano Luis Martinez, 28, já havia feito uma pesquisa rápida sobre o novo papa na internet e se mostrava empolgado com o fato de o líder da Igreja Católica ser agora um latino-americano.

  • BBC

    Luis Martinez, jovem mexicano, se mostrou empolgado com o novo papa

"Para mim é muito emocionante, já me emociona ter um papa latino, um papa da América, ainda mais agora com a jornada aqui no Brasil, que está perto da Argentina. Somos todos irmãos", disse.

Nome

Outros jovens especulavam sobre o que a escolha do nome Francisco pode significar para o novo pontificado.

"Só pelo fato de ser da América Latina já diz que vai ser uma coisa diferente. Olhando o nome e o modo de dar a bênção já diz algo pra gente. Ele mostrou humildade, como São Francisco", dizia Valdir Moreira, 36.

A paulista Suzana Moreira também se dizia surpresa com a escolha de um latino-americano como novo papa e discutia a possibilidade de o nome do pontífice poder sinalizar algumas mudanças.

"Eu acredito que com o nome escolhido ele mostra que pode ajudar a Igreja a ser mais comunicativa com o mundo, porque São Francisco (de Assis) sentiu o chamado do Senhor para revolucionar a Igreja. Eu acho que algumas mudanças certamente virão".

Jornada

Em outro andar do mesmo prédio, o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, concedeu uma entrevista coletiva em que disse que a escolha de um papa argentino mostra que a Igreja está "olhando para a América Latina".

Para ele, a presença do novo papa deve aumentar o interesse pela Jornada Mundial da Juventude, que tem um público esperado de 2 milhões de pessoas.

"Haverá muita curiosidade para conhecer o novo papa de perto. Mas eu vejo alguns gargalos para que muita gente chegue, como o número de voos e de ônibus", disse o arcebispo, que contou ter conhecido o novo papa em uma assembleia de bispos em Aparecida em 2007.

Nos corredores do prédio, já era possível ouvir brincadeiras como o nome do novo pontífice. Papa Chico, papa Chiquinho, diziam alguns jovens.

Outro parecia prever um grande afluxo de fieis portenhos na Jornada Mundial da Juventude. "Isso vai virar Búzios", referindo-se à popularidade do balneário fluminense entre os turistas argentinos.