Topo

Com segurança reforçada, Grã-Bretanha se despede de Thatcher

17/04/2013 05h22Atualizada em 17/04/2013 06h25

A Grã-Bretanha montou um rígido esquema de segurança para o funeral da ex-primeira-ministra Margaret Thatcher nesta quarta-feira (17), com a presença de 4.000 policiais.

O forte policiamento visa impedir manifestações que possam interromper o cortejo do caixão, que partirá de uma cripta medieval no Palácio de Westminster até a Catedral de Saint Paul's.

Cerca de 2.300 pessoas confirmaram presença na cerimônia fúnebre na catedral, representando 170 países. Mais de 1.800 organizações de mídia solicitaram credenciamento.

Thatcher, que morreu aos 87 anos no último dia 8 de abril, foi a primeira e única mulher a exercer o cargo de premiê na história da Grã-Bretanha. Ela esteve no poder por 11 anos, entre 1979 e 1990.

Seu funeral contará com honras militares, mas não será um funeral de Estado. A cerimônia terá o mesmo status do funeral de Lady Diana Spencer, a princesa Diana, em 1997.

Durante o evento, os sinos do Big Ben deixarão de badalar, uma decisão excepcional que recebeu críticas de deputados da oposição trabalhista.

Thatcher se tornou um ícone da direita mundial devido às medias neoliberais que implementou durante seu governo. Mas foi uma figura que polarizou - e ainda divide - o país devido a ações como o fechamento de minas de carvão no norte da Inglaterra e a guerra das Malvinas contra a Argentina.

Protestos

Militantes de esquerda, ex-mineiros que participaram de uma greve histórica durante o governo Thatcher, estudantes e sindicalistas estão convocando protestos que seriam realizados durante a procissão. Entre os protestos previstos estão o de acompanhar o cortejo dando as costas ao caixão durante a sua passagem.

Ativistas também convocaram ouvintes a comprar em peso a canção Ding Dong the Witch Is Dead (Ding Dong, a Bruxa Morreu), da trilha sonora do clássico filme O Mágico de Oz, para que esta chegasse ao primeiro lugar da parada de sucessos britânica. A música chegou à segunda colocação. A BBC não cedeu a protestos para não tocar a música, mas executou apenas alguns segundos da canção, acrescida de uma explicação do motivo pelo qual ela chegou ao topo da parada.

No sábado (13), militantes convocaram via Facebook uma celebração da morte da ex-primeira-ministra, que foi realizada em Trafalgar Square, um dos principais destinos turísticos no centro de Londres.

No mesmo dia, torcedores da equipe do Liverpool, do norte da Inglaterra, exibiram cartazes com dizeres como "Vamos festejar" e "Você não se se importou quando você mentiu, nós não nos importamos quando você morreu".

Thatcher é ainda hoje impopular no norte do país. Muitos na região atribuem a seu governo o forte desemprego registrado na década de 80. Ela travou uma queda de braço com mineiros em greve por quase um ano, entre 1984 e 1985.

Ela também estava à frente do governo quando ocorreram o trágico incidente de Heysel, na Bélgica, quando 39 torcedores foram mortos durante um confronto entre torcedores do Liverpool e da Juventus, da Itália, e também da tragédia de Hillsborough, na Inglaterra, em abril de 1989, quando 96 torcedores morreram esmagados durante uma partida do Liverpool.

Os incidentes fizeram com que os clubes ingleses fossem banidos de competições internacionais da Uefa, entre 1985 e 1990.

Lista de convidados

A lista de convidados para a cerimônia fúnebre em Saint Paul's foi preparada pela família de Thatcher juntamente com representantes do governo e do Partido Conservador.

Entre os presentes estarão dignatários internacionais, ex-ministros de seu governo e todos seus sucessores no cargo de primeiro-ministro, veteranos da Guerra das Malvinas e personalidades diversas da Grã-Bretanha.

Entre os convidados que confirmaram presença estão o primeiro-ministro David Cameron e seus antecessores no cargo, Tony Blair, Gordon Brown e John Major, a rainha Elizabeth 2ª e seu marido, o príncipe Philip, o prefeito de Londres, Boris Johnson, o ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger, o pioneiro da internet Tim Berners-Lee, os escritores Frederick Forsyth e Jeffrey Archer, a cantora Shirley Bassey, a atriz Joan Collins e o compositor Andrew Lloyd Webber.

A embaixadora da Argentina na Grã-Bretanha, Alicia Castro, declinou do convite.

Argentina e Grã-Bretanha disputam até hoje as Ilhas Malvinas, chamada pelos britânicos de Falklands. Os dois países travaram uma guerra de 74 dias em 1982 pelo arquipélago situado no Atlântico Sul.