Absolvidas por ato na Notre-Dame, feministas despertam críticas de políticos
A decisão da Justiça penal francesa de inocentar na terça-feira (10) nove ativistas do movimento feminista Femen, acusadas de danificar um dos sinos da catedral Notre-Dame de Paris durante um protesto, provocou críticas por parte de políticos e religiosos franceses.
Ao mesmo tempo, o Tribunal Penal de Paris condenou três vigias da catedral que haviam tentado interromper a ação das militantes a multas que vão de 300 euros a 1 mil euros (R$ 900 a R$ 3 mil) por violência contra as militantes.
Em fevereiro do ano passado, as ativistas, famosas por protestarem com os seios nus, haviam decidido "celebrar" a renúncia do papa Bento 16.
Elas entraram incógnitas na Notre Dame, misturadas aos turistas, arrancaram os casacos e, aos gritos de "papa nunca mais", começaram a tocar com bastões de madeira três sinos que estavam sendo exibidos provisoriamente por ocasião das festividades dos 850 anos da célebre catedral.
Na queixa prestada pelas autoridades da Notre Dame, a polícia havia constatado que um pequena parte da camada de ouro de um dos sinos havia sido danificada.
"As acusações eram ridículas. Isso significa que nossa crítica às instituições religiosas não foi condenada", afirmou Inna Shevchenko, uma das fundadoras do Femen, após o anúncio da decisão judicial.
"É um bom exemplo para os outros países. Isso nos encoraja a continuarmos com nossa ação. Temos orgulho de saber que a blasfêmia é um direito e que não seremos condenadas por isso."
Julgamento e polêmica
No julgamento, as militantes do Femen contestaram ter danificado o sino, alegando que haviam coberto os bastões de madeira com feltro.
O advogado dos representantes da Notre Dame, por sua vez, disse que a proteção se descolou e que as ativistas tocaram o sino com um bastão sem proteção.
A Justiça considerou que não havia provas suficientes de que as ativistas haviam danificado o sino. O julgamento ocorreu em julho passado, mas a decisão só foi anunciada na última terça-feira.
O Ministério Público havia requerido multa de 1,5 mil euros (R$ 4,5 mil) contra cada uma das nove militantes.
Vários políticos criticaram nas redes sociais a decisão da Justiça. "Militantes do Femen absolvidas e vigias condenados. É um estímulo aos provocadores", afirmou Thierry Mariani, ex-ministro e deputado do partido UMP.
"A absolvição da Femen nada mais é do que uma autorização para destruir e odiar", declarou o senador Bruno Retailleau.
O abade Pierre-Hervé Grosjean, personalidade da Igreja Católica no país, considerou a decisão "lamentável". "Não é dessa forma que vamos educar as pessoas a respeitar todas as religiões e os locais de culto", disse
Esse foi o primeiro julgamento de militantes do Femen na França. Em outubro, uma ativista que também participou do protesto na Notre Dame será julgada por "exibição sexual" na igreja da Madeleine, em Paris.
Ela havia simulado um aborto utilizando pedaços de fígado de vitela, que representavam um feto, para protestar contra a possibilidade de restrições ao direito de interrupção da gravidez na Espanha.
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