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Jovem chinês é declarado inocente 18 anos após execução

Li Sanren (à esq.) e Shang Aiyun, pais de Huugjilt, recebem documento legal sobre o novo processo nesta segunda-feira (15). O chinês foi considerado inocente 18 anos após ser sentenciado à morte, em 1996 - Ren Junchuan/Xinhua
Li Sanren (à esq.) e Shang Aiyun, pais de Huugjilt, recebem documento legal sobre o novo processo nesta segunda-feira (15). O chinês foi considerado inocente 18 anos após ser sentenciado à morte, em 1996 Imagem: Ren Junchuan/Xinhua

15/12/2014 16h17

Um tribunal da China inocentou um adolescente acusado de estupro e assassinato de uma mulher 18 anos após sua execução.

Huugjilt tinha 18 anos quando um tribunal da Mongólia Interior, região autônoma chinesa, o sentenciou à morte.

Mas a condenação levantou dúvidas depois que um estuprador em série confessou o crime em 2005, de acordo com a agência de notícias chinesa Xinhua.

Este tipo de revogação de sentença é muito rara na China.

O assassinato, ocorrido em um banheiro público, foi cometido em um momento em que a polícia do país estava sob grande pressão para agilizar a solução de crimes. Os investigadores envolvidos no caso admitiram que forçaram uma condenação.

Ao anunciar a decisão de inocentar o réu, o juiz do tribunal em Hohhot, capital da região, pediu desculpas aos pais de Huugjilt.

Os pais de Huugjilt já tinham tentando inocentar o filho em 2006, mas só agora, com o recurso deles obteve o reconhecimento da corte, que a Justiça também pediu perdão à família.

"Aprendemos uma lição que partiu nosso coração. Sentimos muitos", disse ele.

A família deve receber uma indenização de cerca de US$ 4,8 mil (quase R$ 13 mil).

Banheiro público

O crime ocorreu no dia 9 de abril de 1996, em Hohhot. Huugjilt estava com um amigo quando eles escutaram os gritos de uma mulher vindos de um banheiro público feminino.

Ao chegaram ao local para ver o que estava acontecendo, os dois encontraram um cadáver e fugiram do lugar.

Ignorando os conselhos do amigo, o jovem foi à polícia e contou o que havia acontecido. Mas as autoridades o viram como um suspeito.

Depois de um julgamento em que não foram apresentadas provas conclusivas, a Justiça decidiu que Huugjilt era culpado.

O jovem entrou com recurso, mas este recurso foi recusado e ele foi executado dois meses depois.

Mas, em 2005, um assassino e estuprador em série, Zhao Zhihong, confessou o crime.

A partir desta confissão, começou a luta da família de Huugjilt para limpar o nome do filho, uma luta que acabou apenas nesta segunda-feira (15).

Os tribunais da China são controlados pelo Partido Comunista e têm uma taxa alta de condenação. Grupos de defesa dos direitos humanos alegam que as confissões de crime frequentemente são conseguidas mediante tortura.

E, segundo correspondentes, decisões como a desta segunda-feira são raras.

No ano passado um homem da província de Anhui foi inocentado depois de cumprir 17 anos de prisão perpétua pelo assassinato da mulher.