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Campanha por WhatsApp apela: 'Não compartilhem imagens de mortos em grupos'

29/11/2016 16h10

"ATENÇÃO! Peço a todos que se caso aconteça vazamento de imagens de mortos no acidente do avião do Chapecoense, para que não postem nem compartilhe! Isso é extremamente uma falta de respeito com familiares! ESPALHE ESSA CAMPANHA NOS GRUPOS!"

Mensagens como esta circulam por grupos no WhatsApp, Telegram e páginas em redes sociais desde a manhã desta terça-feira.

Junto à notícia da queda do avião que levava o time da Chapecoense para o primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana em Medellín, na Colômbia, uma onda de apelos contra a exposição de imagens dos mortos e familiares se espalha nas redes.

Segundo a polícia do Departamento (equivalente a um Estado) de Antióquia informou à agência de notícias Reuters, 75 pessoas morreram e seis sobreviveram.

Na esteira da notícia, informações sobre o aumento de preços da camisa do time em lojas online e galerias de fotos de parentes e mortos às vésperas do acidente começaram a ser publicadas em sites de notícias e blogs.

"Abutres de cliques", "Desrespeito máximo! Falta de empatia... Isso não é informar, isso não é jornalismo", "Qual é a relevância de postar um video de pessoas em pânico dentro de um avião no atual momento?" são algumas das críticas provocadas nas redes.

O acidente aéreo que resultou na morte da banda Mamonas Assassinas, em março de 1996, é um dos mais citados nas críticas. Até hoje, 20 anos depois, imagens dos corpos carbonizados são compartilhadas em páginas sensacionalistas.

Imagens falsas em grupos

Milhares de perfis têm repostado um vídeo amador que mostra os jogadores do time catarinense a bordo do avião, às vésperas da decolagem.

Em grupos, fotos antigas de ossos e corpos queimados são compartilhadas, como se tivessem sido tiradas na manhã desta terça.

"Estou enjoada dessa dinâmica. Isso adoece. Reflexão zero, luto zero, respeito às famílias: quase nenhum", escreveu uma engenheira no WhatsApp.

Outro usuário criticou a busca desenfreada por desdobramentos em sites de notícias. "Pensa um frango numa granja. Que fica parado e come milho o dia todo", escreveu. E completou: "O frango somos nós. E o milho é a informação."

"Diga não à carniçaria humana", diz uma das mensagens de apelo que circulam o Facebook.

"Para aqueles que compartilham imagens de corpos, pedimos encarecidamente que evitem postar fotos das vítimas do acidente aéreo com jogadores da #Chapecoense e demais passageiros. Caso as fotos cheguem até você, por favor, descarte-as."

O texto prossegue: "Sabemos que para alguns a curiosidade fala mais alto, mas se coloque como familiar de uma das vítimas, e pense se gostaria que suas imagens fossem divulgadas nessas condições. Não se esqueça que você poderá estar cometendo um crime, podendo ser responsabilizado criminalmente e civilmente! Respeito aos mortos e seus familiares. Por favor, não compartilhe as imagens. Diga não à carniçaria humana."

No Facebook, uma hashtag concentra os principais apelos: #naoaovilipendiodecadaveres.

Já no Twitter, os apelos vêm junto à principal hashtag ligada ao acidente: #ForçaChape: "Muito feio o pessoal receber/mandar as fotos dos mortos. Falta de respeito, galera", "Por que ficam compartilhando no WhatsApp fotos (que não sabemos se são reais) dos jogadores mortos no acidente de avião? Mais amor e respeito, por favor."

O acidente

O avião que transportava o time de futebol da Chapecoense caiu na madrugada desta terça-feira na Colômbia, para onde a equipe viajava para disputar a primeira partida da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional de Medellín.

Segundo um comunicado do Aeroporto José María Córdoba, de Medellín, a tripulação comunicou uma emergência por "falhas elétricas" por volta das 22h15 locais (1h15 de Brasília).

O avião da companhia boliviana Lamia caiu numa área de montanhas quando se aproximava da cidade.

Entre os sobreviventes estariam o goleiro Follmann, o lateral esquerdo Alan Ruschel, o zagueiro Neto e o jornalista Rafael Henzel, assim como uma aeromoça, identificada como Ximena Suarez, e outro membro da tripulação, Erwin Tumiri.

O mau tempo na região torna mais difícil o trabalho de resgate, que chegou a ser suspenso por causa da forte chuva. O avião partiu-se em três pedaços.

O local da queda, a cerca de 50 quilômetros da cidade de Medellín, é montanhoso e de difícil acesso.

A Confederação Sul-Americana de Futebol anunciou a suspensão da competição e de todas as suas atividades esportivas.