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O gelo que esquenta: os engenhosos segredos dos iglus

21/02/2017 17h16

No norte do nosso planeta fica um dos lugares mais remotos e hostis: o Ártico, um ambiente onde é extremamente difícil sobreviver.

No inverno, a região fica congelada durante meses que não parecem ter fim. E mesmo no verão, não há árvores e são muito poucas as plantas comestíveis.

Mesmo assim, alguns milhares vivem lá. São pessoas que dependem do conhecimento profundo do seu entorno e se equilibram constantemente numa linha tênue entre a vida e a morte.

Em Ilulissat, na Groenlândia, os inuítes - ou inuit, que são os membros da nação indígena esquimó que habitam as regiões árticas - costumam festejar todos os anos a volta do sol.

Depois de meses de escuridão, o astro volta a iluminar o céu aos 13 minutos da 13ª hora do 13º dia do mês de janeiro.

O calor do lugar

Os habitantes do Polo Norte não teriam a mínima chance de sobreviver sem um local onde se abrigar.

Ou seja: um iglu pode significar a diferença entre a vida ou a morte quando a temperatura é de 20 graus abaixo de zero.

Os pais inuítes ensinam aos filhos ainda pequenos como construir essas casas tão peculiares.

Eles mostram, por exemplo, qual o tipo de neve deve ser usado e como cortá-la.

Depois, explicam como devem ser unidos os blocos de gelo para garantir que a casa não desabe.

Um iglu bem construído deve permitir a entrada da luz e ao mesmo tempo manter fora o vento gelado.

O passo a passo do iglu

Por ser feito com materiais que podem ser conseguidos com facilidade, o iglu é a casa perfeita para o Ártico.

Mas o que os torna ainda mais adequados são as características dos iglus tradicionais feitos em Igloolik, na região ártica do Canadá.

1. Neve

Comecemos com o básico: o iglu é feito de neve e mais nada.

E como em qualquer outra construção, a qualidade do material é importante.

A neve deve estar suficientemente seca e firme para ser manipulada e cortada com uma serra.

2. Isolamento térmico

Para proteger o iglu, os esquimós o cercam com neve na altura da primeira fileira de blocos.

Isso ajuda a manter a casa quente - considerando que "quente", neste caso, é relativo.

3. Plataforma

Onde dormir em um iglu?

Na cama, que é uma plataforma de neve com até 60 centímetros de altura.

Como o ar quente sempre sobe, com uma cama alta é possível aproveitar a parte mais aquecida do espaço, que fica próxima do teto.

Tradicionalmente, uma pequena lamparina a óleo ajuda a esquentar o ambiente, mas é preciso que ela esteja pendurada e não eleve muito a temperatura, pois as paredes podem começar a derreter.

4. Duto de ventilação

É preciso fazer um pequeno buraco a mais ou menos três quartos da altura do iglu.

Isso vai funcionar como um duto de ventilação, que deixa entrar o ar fresco.

Outra função importante do duto é manter o interior do iglu seco, servindo como saída para o vapor produzido pela respiração dos moradores.

5. Entrada

A entrada é um túnel que começa na parte interna da parede do iglu.

Esta é a parte mais fria, mas quando se chega à sala de estar a temperatura será mais alta.

6. Estrutura

O iglu é construído em espiral - o primeiro círculo de blocos é disposto ligeiramente inclinado para o interior.

Uma vez completada essa parte, é esculpida uma inclinação na parte de cima dos blocos para que as camadas seguintes formem uma espiral, como acontece quando se descasca uma laranja com a faca de uma só vez.

Essa espiral é o que dá resistência ao iglu.

Em seguida é feito o teto, deixando apenas uma pequena abertura na parte de cima da espiral.

Por último, basta apenas cortar um pedaço de neve no formato da abertura e fechar o iglu.